Disco Nota 11: “Violator” – Depeche Mode

Paulo Fernandes

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A confissão de Neil Tennant (Pet Shop Boys) sobre “Violator”: “Estávamos ouvindo “Violator” do Depeche Mode, um álbum muito bom, e ficamos com profundos ciúmes dele”, é bastante significativa. Afinal, naquele início de década de 1990 o Pet Shop Boys era o grupo mais bem sucedido dentro do segmento pop eletrônico, o que confere à declaração de Tennant um status de certificado de qualidade.

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VIOLADOR

“Violator”, de 1990, é o sétimo álbum de uma banda que havia começado sua trajetória no ano de 1980. O nome do grupo, ao que consta, foi tirado de uma revista francesa de moda: Dépêche Mode (no original), algo como artigo de moda ou despacho de moda. Este álbum assinala definitivamente uma mudança de direção que o Depeche Mode vinha experimentando desde pouco antes de seu maior sucesso até então – o álbum “Music for the Masses” de 1987 – ao abandonar o pop dançante despretensioso por uma música mais consistente, madura e com letras profundas.

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Da esq. p/ dir.: Andy Fletcher, Dave Gahan, Martin Gore e Alan Wilder.

O apelo à dança continua em “Violator”, mas é um álbum que podemos apreciar quietos num sofá ou no banco de um carro. Doses equilibradas de alegria, melancolia e sensualidade dão o tom nas excelentes melodias e nas letras inspiradas, que resultam em um disco perfeito, onde nada é descartável.

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O SILÊNCIO E AS PALAVRAS

Dois dos maiores sucessos do Depeche Mode estão nesse álbum. A primeira é Personal Jesus, uma música otimista sobre termos alguém que nos ouça, nos ampare e cuide de nós. Polêmicas religiosas à parte, o nosso próprio Jesus pessoal:

Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who cares
Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who’s there

O outro super hit é a fantástica Enjoy the Silence que, num tom mais melancólico – embora perfeito para dançar – diz que o silêncio é preferível às palavras, pois estas acabam sempre ferindo alguém:

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very
Unnecessary
They can only do harm

Mas não caiam na tentação de ouvir só essas duas, pois estariam perdendo momentos de sutil sensualidade como a dançante World in my Eyes e a linda balada Waiting for the Night. Ou momentos de extrema inteligência eletrônica como em Halo, onde fica claro o débito do Depeche Mode ao pioneiro do rock eletrônico: Kraftwerk e até referências ao Pink Floyd no riff de contrabaixo da canção Clean (ao que tudo indica uma música sobre o fato de Martin Gore ter se livrado do vício de drogas).

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Ah! mas existe mais um grande sucesso de público nesse álbum – pelo menos o foi aqui no Brasil – que é Policy of Truth, uma música que complementa e ao mesmo tempo faz um contraponto à sua antecessora no álbum (Enjoy the Silence) sobre o poder das palavras. Afinal, toda verdade deve ser dita?

Now you´re standing there tongue tied
You´d better learn your lesson well
Hide what you have to hide
And tell what you have to tell

Para não deixar em branco, devo dizer que Sweetest Perfection e Blue Dress também são ótimas.

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FAIXAS

Todas as músicas compostas por Martin Gore.

Lado A

1) World in My Eyes
2) Sweetest Perfection
3) Personal Jesus
4) Halo
5) Waiting for the Night

Lado B

1) Enjoy the Silence
2) Policy of Truth
3) Blue Dress
4) Clean
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MÚSICAS

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Ouça o álbum (vídeo por vídeo) completo:

Um comentário sobre “Disco Nota 11: “Violator” – Depeche Mode

  1. Obrigado por mais este belo presente. Gostei muito e curti o estilo “DJANGO/TEXAS” em PERSONAL JESUS, assim como ficou evidente a influência da capa do disco “WITH THE BEATLES / 1963”, no vídeo ENJOY THE SILENCE.

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