Pink Floyd, Psicodelismo e o Doutor Estranho

 

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UM ÁLBUM CHEIO DE SEGREDOS

O que a psicodelia do Pink Floyd tem a ver com o herói mistico, da editora Marvel, Doutor Estranho? Tudo! Entretanto, precisamos nivelar o nosso conhecimento e definir o que é essa tal de psicodelia, para enfim entender esta correlação.

Psicodelia é uma manifestação da mente que altera a percepção sensorial, causando alucinações. Então, uma experiência psicodélica é um conjunto de experiências estimuladas pela privação sensorial, bem como por efeito no sistema nervoso de substâncias psicodélicas, lícitas ou ilícitas. Essas experiências incluem uma produção visionária semelhante a alucinações, mudanças de percepção, sinestesia, estados alterados de consciência semelhantes ao sonho, psicose e êxtase religioso.

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Doutor Estranho e o Pink Floyd em viagem astral

 

E foi em um ambiente que tentava alcançar tais experiências xamânicas, fortemente influenciado pelo livro “As Portas da Percepção” de Aldous Huxley, seja para obter o autoconhecimento, encontrar um sentido religioso na vida, ou meramente servir de válvula de escape aos problemas cotidianos, que apareceram as bandas ditas psicodélicas, e entre elas, o Pink Floyd em sua primeira fase.

Entretanto nada traduziria visualmente tão perfeitamente estas “viagens” do que as batalhas místicas do herói dos gibis do Doutor Estranho, criado pela dupla Stan Lee e Steve Ditko. As várias dimensões visitadas pelo Mago Supremo era psicodelia pura!

 

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“Para fazer este mundo trivial sublime se tornar, Basta meio grama de fanerótimo tomar. ”

 

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PANDEMÔNIO SINCOPADO

A primeira colaboração entre o Pink Floyd e o lendário grupo de design gráfico Hypgnosis foi a capa do segundo álbum da banda, “A Saucerful of Secrets”, de 1968sendo uma combinação de vários elementos visuais enigmáticos e psicodélicos, e escondidas entre eles há imagens extraídas diretamente de uma famosa página da edição Nº.158 do gibi “Strange Tales”. Nela percebe-se a imagem do terrível destino que seria imposto ao planeta Terra pelo personagem onipotente Tribunal Vivo, e os esforços do Doutor Estranho em salvá-la.

 

Videoclipe com a capa do álbum “A Saucerful of Secrets” animada.

Em uma entrevista sobre design, o idealizador da capa, o genial Storm Thorgerson, disse:

“… A capa é uma tentativa de representar coisas em que a banda estava interessada, coletiva e individualmente, apresentadas de uma forma que fosse proporcional à música. Em um turbilhão, mapa astrológico vermelho com bordas borradas / Imagens do Dr. Estranho se fundindo, e um milhão de milhas de distância de certas experiências farmacêuticas. Começando com Saucerful, eles estavam começando a experimentar com mais peças de maior duração, e a música seria em cascata mudando de coisa em coisa.”

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Página e a capa da edição #158 da série Strange Tales, desenhada por Marie Saverin.

 

No ano seguinte, quando trabalhando na trilha sonora do filme “More”, o baixista da banda Roger Waters escreveu a música Cymbaline, uma música que contrasta sua suavidade sonora com a letra em que descreve um pesadelo. Entre várias imagens oníricas relatadas, há uma referência direta ao Doutor.

“…You Hear the Thunder of the Train, “…Você Escuta o Estrondo do Trem,
 And Suddenly it Strikes You, De Repente, Você Percebe,
 That They’re Moving into Range, Que eles estão se aproximando,
 Doctor Strange is Always Changing Size…” Doutor Estranho sempre muda de Tamanho…”

E em menos de três meses depois naquele mesmo ano, a banda lançou o álbum duplo “Ummagumma”, em que utilizando-se do efeito Droste, com um quadro pendurado na parede mostrando a mesma cena, mas com os quatro membros da banda em posições diferentes, e nas primeiras edições do LP no último quadro figura a imagem do álbum “A Saucerful of Secrets”. Então podemos dizer que, além do já dito efeito caleidoscópico, e mesmo em um tamanho minúsculo, continuamos a ter o bom Doutor em uma capa do Pink Floyd.

 

Capa de "Ummagumma" com "A Saucerful of Secrets" no detalhe

Capa de “Ummagumma” com “A Saucerful of Secrets” no detalhe

 

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O OLHO DE AGAMOTTO

Não discutindo os méritos e deméritos do filme da Marvel, Doutor Estranho” podemos perceber vários momentos em que há homenagens diretas à banda. Pouco antes do acidente sofrido pelo protagonista, podemos escutar Interstellar Overdrive, do primeiro álbum “The Piper at Gates of Dawn”, sendo está música um perfeito exemplo de como a banda neste período explorava experiências metafísicas lisérgicas, com toques de experimentalismo através das improvisações sonoras realizadas quando ela tocava ao vivo.

 

E após ao acidente, podemos ver o Doutor, que nesta cena está olhando desolado pela janela de seu apartamento, usando uma camiseta do álbum “The Madcap Laughs” do ex-líder Syd Barrett. Vale lembrar que o cantor, guitarrista e força criativa da banda no ano de 1967, deixou a banda devido a doença mental que lhe acometeu, em parte pelo abuso no uso de substâncias psicotrópicas como o LSD, e infelizmente adentrando na dimensão negra. E, por fim, a aparição do Stan Lee no filme, é ele sentado em um ônibus, lendo “As Portas da Percepção”, e caindo em gargalhadas!

Em retrospectiva, pude entender o porquê do ator Benedict Cumberbatch ter tido a honra de cantar Comfortably Numb em um show com o David Gilmour.

 

 

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11 comentários sobre “Pink Floyd, Psicodelismo e o Doutor Estranho

  1. E.MAILS=2016-321.1 – 20/DOMINGO = 07:07
    DISCO NOTA 11 = PINK FLOYD & DOUTOR ESTRANHO
    Via Pessoal ROCKONTRO (FÁBIO FINOTTI)
    Ótima viagem patrocinada pelo BIG Fábio. PINK FLOYD será, FOREVER, a luz das trevas mentais.
    Aproveito para agradecer ao PAULO AFONSO o presente, que me chegou pelos ZÉ.MAURÍCIO e BETINHO, da belíssima camiseta “VELHO ROQUEIRO”, solenemente inaugurada, ontem, na deliciosa feijoada (com Karacu), no CASSEIRISSIMO, conforme a foto comprova.

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  2. Pingback: Rock, Gibis e Super-Heróis | Rockontro

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