Entrevista inédita com a lenda viva Pastinha, o “Velho Roqueiro”

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11 PERGUNTAS PARA O COMENDADOR PASTINHA

Passados quase três anos desde que nasceu a ideia – que não lembro-me se foi do Alan ou do Zé Maurício – finalmente pude levar a bom termo a presente entrevista. Desculpem-me qualquer falha ou omissão que porventura eu tenha cometido, já que é a primeira vez que eu faço algo do gênero.

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Foto de 23/07/2016 – Betinho, Ricardo, Zé Maurício e Pastinha. Eu precisei sair antes de começar a entrevista.

Mauro Gonzaga Jaime, nascido em 05/07/1942 (em plena Segunda Guerra Mundial), conhecido como Comendador Pastinha ou simplesmente Pastinha. Fã fervoroso de Roberto Carlos – seu filho mais velho, conhecido como Betinho, foi batizado com o nome do REI. Pastinha é amante do rock e da música em geral.

Leitor assíduo do Rockontro, Pastinha detém o título de – fazendo um trocadilho com seu título honorífico – maior comentador do blog com seus comentários sempre bem inspirados e jocosos. Ele ainda nos ajuda na divulgação do conteúdo do Rockontro com seus e-mails semanais.

Preparamos 11 – o número símbolo do Rockontro – perguntas que seguem abaixo e cujas respostas enriqueceram bastante nossa bagagem histórica e cultural. Com certeza vocês irão gostar também.

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1) Qual é a origem do apelido Pastinha?

Foi-me dado em 1964, pelo saudoso professor e, depois, Prefeito de Anápolis, Heli Alves Ferreira, na sala de aula da 2ª série ginasial do Colégio São Francisco. O mestre implicou com meu cabelo contestador, que era puxado para frente e cortado rente às sobrancelhas, o que, na época se chamava cabelo pastinha – Precedi os Beatles em alguns anos – eu retribui a moda deles a partir de 1964 e até 2016, quando voltei para o atual estado “grau quase zero” capilar. 

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2) Como começou sua paixão pelo rock?

Ouvindo pela Rádio Mairink Veiga os hits do primordial  Elvis Presley, ao qual se sucederam Chubby CheckerLittle Richard, Demétrius, e toda a ‘tchiurma’ que se seguiu, incluindo, lógico Beatles e Roberto Carlos – o meu primeiro conjunto musical lançou Beatles em Anápolis, em 1964 (She Loves You e I Want to Hold Your Hand), tenho muitas saudades do meu “Quarteto Hi-Fi – Vocalistas”. A foto abaixo é de 24/12/1964 no SESC – Caixa d’Água nossa primeira apresentação em público. Pastinha, Edson Laura, Miltinho(+) e Jomar Piantino(+) = SARAVÁS!!

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Quarteto Hi-Fi Vocalistas

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3) Caetano Veloso disse que “Pastinha já foi à África”. É verdade?

O Pastinha que o Caê citou era um ritmista carioca que excursionou com um grupo de músicos brasileiros, divulgando nossa música em outras paradas.  Ele foi o meu único homônimo conhecido. Como já subiu, sou o último exemplar da espécie Pastinha.

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4) O Zé Maurício me falou que você tem umas boas histórias de quando ia buscar discos do Roberto Carlos em Goiânia, para divulgá-los em primeira mão em Anápolis. Como era isso?

Nos anos 70/80 a finada Rádio Imprensa de Anápolis – sob comando dos saudosos José Cunha Gonçalves e Luiz Carlos Cecílio – mandava o jornalista Geraldo Divino a São Paulo buscar, em operação secretíssima e não muito explicável, o novo lançamento anual do REI, em Long-Play. Eu era encarregado de buscar o Geraldo lá no (Aeroporto) Santa Genoveva (com a JOIA CAMUFLADA), trazendo-os para Anápolis onde uma intensa campanha publicitária ativava a curiosidade da população, com o IBOPE passando, sempre, dos 80 por cento. – Eu era o comentarista principal de cada faixa, apresentada e discutida amplamente por um grupo de “Robertólogos” onde estavam, quase sempre, Rivaldo Rodrigues, Roberto Salomão, Luiz Carlos e outros ocasionais. A história, com maiores detalhes está contada no livro “Rádio – A História Sonora de Anápolis e seus Personagens” – às fls. 93 a 96, trabalho conjunto dos irmãos José e Nilson Cunha Gonçalves,  lançado em 29/05/2016.

5) Você gosta das tirinhas do Wood e Stock, personagens do cartunista Angeli? 

Gosto tanto que, em 05/07/2004, quando fiz 62 anos, ganhei de meus quatro filhos  BetinhoPatrícia, Bruno e Samuel uma formidável moldura, tamanho 50 x 80 cm, com o Stock tocando bongô (meu outro instrumento além da voz) e os dizeres: “AGORA O VELHO MAURO VAI FAZER UM PUSTA SOM!”. Este quadro está no lugar de honra no Kavern Club Pastinha’s. Quando sua preguiça passar e você vier me visitar, poderá verificar a verdade do relato. Não tenha pressa. CONTINUO IMORTAL (embora mole…), pelo menos enquanto puder cantar.

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Wood  & Stock

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6) E você teve vontade de ir ao primeiro festival de Woodstock em 1969?

O Durango Kid financeiro não permitiu, assim como o fato de Dona Darci ter colocado o Betinho na reta de chegada, impedindo-me a saída. Quase abortei por não ter ido. Porém, tirei a diferença nas Antas, com farta produção de fumaça, som nas caixas e muita  Cuba-Libre de Pobre (pinga vagabunda com soda limonada).

7) Como foi o baque da notícia que John Lennon havia morrido?

O impacto fez nascer em mim a vontade de escrever. Escrevi o texto* que foi publicado em vários jornais, em oportunidades diversas. O embrião literário (???)  gerou os meus  inéditos: “Partos e Abortos”, “Roteiro de uma Viagem”, “Cartas” e “Passando a Régua”.

*Obs.: Pretendo, se o Comendador assim o permitir, publicar esse texto sobre a morte de Lennon em um artigo específico aqui no Rockontro.

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8) Por que você não foi ao show do Paul McCartney em Goiânia?

Raramente saio do meu Kavern Club Pastinha’s à noite. O absoluto desrespeito aos horários, a eterna bagunça e falta de segurança, os preços só para burguês – eu sou aposentado de salário mínimo – eram oito e os ‘homi’ reduziram para apenas um. O ingresso que ganhei dei para meu Mano.2 – Sérgio ir assistir, junto com os outros Manos-3 – Didão e 4 – Rubinho, que estão devidamente registrados na foto abaixo. Este Velho/75 Roqueiro preferiu suas cobertas.

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Os Manos

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9) Falando especificamente do rock, existe algum conjunto atual que você escute e goste?

Não tenho mais idade e muito menos tempo para novidades. Mantenho-me fiel aos amores musicais adquiridos em seis décadas. Entretanto, sempre que possível e sendo durante o dia, gosto de presenciar as Bandas de meu filho/1=Betinho, baixista das Pesa Nervos e Madrugada Ideal. A foto abaixo é de 03/09/2011, com o meu neto.3 João-Spiderman/2 anos, já iniciando os contatos com o instrumento de batalha do pai, todo derretido.

Gosto também das valorosas Bandas locais  =  Santillo  e  La Morsa, uma meninada do caralho de ‘bão’.

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Betinho e João

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10) Poderia listar suas 11 músicas preferidas?

No meu atual SCPASTINHA’S.5, canto usando playbacks MP4, com o Padrão Pedra 90. Com minha organização Pastinha e separados por temas, época, cantores/as,  etc,  estou chegando aos 3.200 arquivos, resultado de mais de vinte anos de pesquisa e melhoria técnica.

É muito difícil para eu separar só onze, mesmo que fosse de um só estilo ou padrão. Com o coração doendo pela não inclusão de outras, imprescindíveis e fundamentais na minha vida, notadamente na minha formação humanística, relaciono estas seguintes titulares, sem nenhuma ordem classificatória:

Io Que Amo Solo Te – Sergio Endrigo
My Love for You – Johnny Mathis
Fascination – Pat Boone
As Baleias – REIberto Carlos
Cavalgada – REIberto Carlos
Pelé Agradece – Moacyr Franco
Brothers in Arms – Dire Strites
A Whiter Shade of Pale –  Procol  Harum
Sultans of Swing – Dire Strites
The House of the Rising Sun – The Animals
You  Are  a  Lady  –  Peter  Skellern

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The Four Brothers, no Kavern Club Pastinha’s – Manos: 2 – Sérgio(73); 3 – Didão (66): 1 – Pastinha (75) e 4 – Rubinho (63).

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11) Algumas breves palavras para encerrarmos esta entrevista

BIG abraço agradecido e emocionado, deste seu Velho/75  Comendador Roqueiro e (ainda) um Romântico Incorrigível

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AS 11 MÚSICAS DO COMENDADOR


13 comentários sobre “Entrevista inédita com a lenda viva Pastinha, o “Velho Roqueiro”

  1. meu amigo, emprestado é claro, da convivência de meu pai(Sampaio) …aprendi algumas coisas com ele apesar da diferença de idade que o romantismo boêmio esteve e sempre estará naquele que ama uma verdadeira música…que bom que o rock é uma de suas paixões! Sempre será a minha! Não têm como não amar o velho pasta!!!

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  2. Obrigado ao pessoal do Rockontro, pela entrevista e pelo carinho com meu amado MANO VÉIO, genuíno sobrevivente de Woodstock, e meu parceiro de centenas de tocatas nesse nosso Goiás e também algumas no DF, integrante do “Trio Los Dôs” (eu, ele e o primo Ronan César). Rimos muito, cantamos, sofremos, choramos, despedimo-nos de amigos músicos insubstituíveis, de parentes eternos e “tamos aí”” Sigamos a vida!

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  3. mauro.pastinha@hotmail.com
    E.MAILS=2017-100 – – – 09/Domingo = 10:30
    DISCO NOTA 11 = ENTREVISTA COM A LENDA VIVA PASTINHA, O “VELHO ROQUEIRO”
    Via: PESSOAL DO ROCKONTRO (PAULO AFONSO)
    Desculpem-me a falta de modéstia em postar uma matéria em causa própria. Entretanto, graças a
    generosidade do amigo PAULO AFONSO, tive um daqueles momentos únicos na vida. Foi publicada
    no FACEBOOK, com grande número de compartilhadas e incontáveis manifestações de apreço.
    A família, penhorada, agradece.- Vou abrir a primeira KARAKU neste ensolarado Domingo de Ramos.
    PAZ & BEM, E ATÉ AMANHÃ, SE DEUS ( AINDA ) NOS PERMITIR

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  4. Parabéns pela iniciativa de entrevistar, quem para mim, é o maior conhecedor de músicas em Anápolis. Pastinha, nosso querido comendador, parabéns pelas excelentes respostas. Amei a entrevista.

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  5. Pingback: A Saga de uma Guitarra “Única”: RickenBegher | Rockontro

  6. Parabéns Mauro. Suas músicas preferidas fizeram me voltar a Anapolis na década de
    70.Obrigada..Saudades a temos porque vivemo

    s momentos inesq
    uecíveis.

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  7. Neste momento dramático em que o Comendador nos deixa, esta entrevista, que não conhecia, me faz ver de novo o mano Pastinha, como se aqui ainda estivesse. Permanecerá para sempre em meu coração.
    Mano 5 Getulio Targino.

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