Memórias, Momentos e Músicas: Supertramp – “Fool’s Overture”

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FOOL’S OVERTURE COM SUPERTRAMP

A primeira vez que eu ouvi um disco do Supertramp foi na casa do meu primo Eurico, em Brasília. E, na verdade, foram dois álbuns: “Crime of the Century” e “Even in your Quietest Moments”. De volta a Goiânia, eu sabia que queria um disco do Supertramp, mas qual deles? Meu irmão, que já conhecia os dois álbuns, apostou que eu escolheria o “Crime of the Century”, porém algo fez minha balança pender para o “Even in your Quietest Moments”: sua fantástica faixa de encerramento, a épica Fool’s Overture.

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Crurchill: “… we shall defend our island, whatever the cost may be…; we shall never surrender…”

Fool’s Overture é uma intrigante mistura progressiva de sons gravados pela banda e trechos colados de outras gravações: o famoso discurso de Winston Churchill em junho de 1940, “Never surrender”; um coral que canta o hino Jerusalem (William Blake, Hubert Parry), música que já havia sido gravada pelo Emerson Lake & Palmer; os sinos do Big Ben; um trecho, ao som sintetizado de flautim, de Os Planetas (Vênus) de Gustav Holst; sirenes de polícia; um trechinho da música Dreamer, presente no álbum “Crime of the Century” do próprio grupo.

A letra fala de um ‘homem chamado de tolo’ e, a princípio, parece se referir ao início da IIª Guerra Mundial e ao ataque aéreo alemão à Inglaterra em 1940. O contundente discurso do primeiro-ministro Churchill de defender a ilha a qualquer custo, sem nunca capitular havia sido pronunciado dias antes de começarem os bombardeios na ilha. Depois a canção assume uma aura filosófica, intrincada e até maluca ao juntar um homem santo (Jesus Cristo?), o Coringa e o Homem-Aranha. O tema central da música parece, como já deu uma pista seu autor Roger Hodgson, a queda da humanidade e seu desvio do caminho que deveria seguir.

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Bombardeiros alemães nos céus britânicos

Especula-se que este ‘homem chamado de tolo’ possa ser uma referência a Neville Chamberlain, antecessor de Churchill como primeiro-ministro britânico, e à sua política de apaziguamento com concessões ao regime nazista na esperança de evitar uma guerra, que acabou acontecendo com a invasão alemã da Polônia em 1939. Chamberlain renunciou ao cargo oito meses depois da guerra estourar, quando a vitória alemã parecia inevitável, e morreu pouco depois. Seu papel na história ainda é bastante controverso, criticado por muitos e elogiado por outros tantos.

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Roger Hodgson em Brasília – 2017

A História caminha de maneiras que nos parecem ciclos e no caso dessa música, e da minha ligação com ela, um ciclo foi fechado no dia 23 de março de 2017. Foi nesta data, na mesma Brasília onde a escutei pela primeira vez, que ela serviu como apoteose do memorável show de Roger Hodgson.

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Cida, eu, Marcia, José Maurício, Marcela e Pedro no show de Roger Hodgson.

MÚSICAS

Original do álbum:

Supertramp ao vivo em 1979 (só um pedaço!):

Roger Hodgson ao vivo com orquestra:

Jerusalem:

“The Planets – Venus” de Gustav Holst com a Orquestra Sinfônica de Londres, regente Richard Hickox (o tema usado aparece aos 2’05”):

Trecho do discurso de Winston Churchill:


7 comentários sobre “Memórias, Momentos e Músicas: Supertramp – “Fool’s Overture”

  1. mauro.pastinha@hotmail.com
    E.MAILS=2017-107 – – – 16/Domingo = 05:42
    DISCO NOTA 11 = MEMÓRIAS, MOMENTOS & MÚSICAS = SUPERTRAMP – FOOL’ S OVERTURE
    Via PESSOAL DO ROCKONTRO (PAULO AFONSO)
    Obrigado, Amigos do Rockontro. Não conhecia este trabalho.
    Gostei e vou ouvir outras vezes, para me aprofundar mais.
    Vivendo e aprendendo, a cada nono dia. F O R E V E R.

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