Anna Raíssa OS MALDITOS E OS MAURICINHOS Enquanto a cidade estava debaixo de bombas de gás e das patas da cavalaria da PM deBrasília quinta-feira passada (20), fui com alguns amigos ver um show dedicado a SérgioSampaio e Torquato Neto. O show tinha o nome de “Adoráveis Malditos”, com Eduardo Rangel (voz e violão) e Joaquim França (piano) Ainda na fila pra entrar, vi o banner de divulgação do show: dois caras de terno, um deles com a cara de empáfia que só pianistas & maestros conseguem ter. E a gente pensando:isso não vai prestar… Símbolos da contracultura e malditos da MPB, Torquato e Sérgio fizeram inúmeras parceriasdurante seu tempo de atividade (Sérgio até fez uma música em homenagem a Torquato,chamada Que Loucura) e são donos de uma originalidade só encontrada também em RaulSeixas, na Tropicália e em outros raros. Sérgio Sampaio Os artistas – um pianista e um cantor – todos muito bem arrumados e penteados, nem delonge seriam comparados com os dois gênios homenageados, apesar de o cantor ter aquelejeito antiquado de hippie de classe média, já passado da adolescência. Torquato Neto Mas fã é fã e técnica é tudo, e mesmo sem identificação e talento sequer comparáveis, elesmostraram grande conhecimento da obra dos dois, com histórias de composições e panos defundo das músicas, e com interpretações bem feitas das canções, cumprindo o papel dequalquer homenagem: deixar a gente com vontade de escutar mais do homenageado. Háuma semana Torquato e Sérgio com certeza foram os mais ouvidos por, pelo menos, cempessoas. …