Paulo Fernandes
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ÍDOLOS DE INFÂNCIA
Quando nos tornamos adolescentes, e em seguida adultos, costumamos, pelos mais diversos motivos, renegar os ídolos e as coisas que gostávamos antes. Isso é uma coisa recorrente e independe da geração, cito como exemplo minha filha Gabriela, ano fez 17 anos: aos 8 ela gostava do KLB, aos 13 era fã do NX Zero (tive que levá-la a um show no Jaó), e hoje gosta de rock (viva!!!).
Comigo não foi diferente e na adolescência eu tentava esconder que eu gostara muito das músicas do Roberto Carlos, pois senão iria “pagar mico” com a turma de amigos roqueiros.
Nada como o distanciamento crítico do tempo e ter a mente aberta e a consciência de saber que nada é definitivo e fechado. Desta maneira, antes dos meus 30 anos eu comecei a enxergar Roberto Carlos de outra maneira e a fazer um verdadeiro resgate da obra desse grande e inovador músico brasileiro.
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DE CACHOEIRO PARA O MUNDO
Quando se mudou de sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemerim (ES), para Niterói (RJ), na década de 1950, Roberto teve contato com o ritmo do momento: o Rock and Roll. Nessa mesma época conheceu Tim Maia e, seu futuro parceiro, Erasmo Carlos. No fim da década de 1950, Roberto Carlos começou a cantar profissionalmente em hotéis e clubes. Em 1961 gravou seu primeiro LP, “Louco por Você”, com um som tendendo para Bossa Nova, que não teve grande repercussão. Esse álbum hoje é uma raridade e custa uma fortuna.
Decidido a investir em sua verdadeira paixão, o Rock and Roll, Roberto, já com ajuda de Erasmo Carlos, gravou o disco “Splish, Splash” com repertório mesclado de composições próprias da dupla e versões de sucessos internacionais.
Em 1964 com a música Calhambeque – uma favorita da minha infância e além – e o álbum “É Proibido Fumar”, Roberto conquistou de vez um lugar de destaque no universo cultural brasileiro. Nascia, assim, o primeiro grande movimento de música pop no Brasil: a Jovem Guarda. A Jovem Guarda mesclava influências do rock and roll norte-americano, representado por Elvis Presley, e da música beat inglesa, aquela dos primeiros anos dos Beatles e de outros grupos de Liverpool.
Que sorte a minha em ter um irmão mais velho de bom gosto musical. Já falei e repito: graças ao meu irmão Pedro César pude, desde muito cedo, ter contato com maravilhas musicais da década de 1960 como os Beatles e Roberto Carlos.
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O “HELP!” DA JOVEM GUARDA
Com um raro senso estético, tanto para acompanhar as tendências musicais quanto para o perfeccionismo técnico de suas gravações, Roberto continuou fazendo sucesso e discos, cada vez melhores, ao longo da década de 1960.
Em 1967, de olho no sucesso do filme “Help!” dos Beatles, Roberto estrela seu primeiro longa-metragem de ficção: “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”. O filme, apesar de suas limitações, foi um enorme sucesso e sua trilha sonora é, na minha opinião, o melhor disco de Roberto Carlos em sua fase rock.
Alternando rocks e baladas “Em Ritmo de Aventura” é cativante e impressiona por sua qualidade de gravação e seu instrumental, a cargo da banda Renato e seus Blue Caps, e suas inovações estilísticas, para um disco nacional: como a inclusão do cravo e do órgão Hammond.
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ROCK, SOUL, FUNK, BLUES
A partir de 1968, Roberto Carlos começa sua guinada em direção à Black Music acrescentando pitadas de soul, funk e blues à sua música, que vai perdendo a ingenuidade jovem-guardista e ficando cada vez mais adulta. Essa nova fase tem seu ápice na década de 1970, principalmente em seu disco de 1971: “Roberto Carlos” (com Detalhes), um primor musical recheado de soul music. Depois disso o que assistimos é um cantor desbragadamente romântico, por vezes resvalando na breguice, da década de 1980 em diante.
Apesar dos atuais pesares, Roberto Carlos merece um lugar de destaque na história da música brasileira e isso, principalmente, por sua produção musical nas décadas de 60 e 70.
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FAIXAS
Lado A
1) Eu Sou Terrível (Roberto Carlos, Erasmo Carlos)
2) Como É Grande O Meu Amor Por Você (Roberto Carlos)
3) Por Isso Corro Demais (Roberto Carlos)
4) Você Deixou Alguém a Esperar (Édson Ribeiro)
5) De Que Vale Tudo Isso (Roberto Carlos)
6) Folhas de Outono (Francisco Lara, Jovenil Santos)
Lado B
1) Quando (Roberto Carlos)
2) É Tempo de Amar (Pedro Camargo, José Ari)
3) Você Não Serve pra Mim (Renato Barros)
4) E Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos)
5) O Sósia (Getúlio Côrtes)
6) Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim (Rossini Pinto)
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MÚSICAS
Ouça o álbum completo:
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Clipes do Filme:
EMAILS=2015-288 — 01/novembro-domingo = 04:46
DISCO NOTA 11 = R. C. EM RITMO DE AVENTURAS
Iniciamos êste NOVEMBRO/2015, que esperamos seja de convivência bem
agradável e gratificante, sempre em alto nível, como o deste presentaço do
pessoal do ROCKONTRO, do qual só posso dizer uma palavra = DEMOROU!
Gosto tão pouco do ROBERTO CARLOS — o antigo, não essa figura bipolar,
prepotente e sovina, que hoje suja uma belíssima trajetória musical — que
dei a meu Filho/1=BETINHO-Roberto Carlos Gonzaga Jaime o nome do REI.
PAZ & BEM, E ATÉ AMANHÃ, SE DEUS QUISER
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