Paulo Fernandes
.
CAMINHOS INDIRETOS
Cheguei ao Brian Eno músico por vias indiretas. Primeiro eu conheci suas elogiadas produções para gente que eu tanto gosto: David Bowie, Talking Heads, Ultravox, Laurie Anderson e U2. Só depois que fiquei sabendo que ele fora membro do Roxy Music e, melhor, fazia músicas e experiências musicais da melhor qualidade em discos solo ou em finas parcerias (Robert Fripp, John Cale, David Byrne, Peter Sinfield).
Então, antes mesmo de querer ouvir Roxy Music, grupo no qual ele havia participado só dos 2 primeiros álbuns e saído após se desentender com o líder Bryan Ferry, eu quis conhecer o trabalho solo de Eno.
.
TEXTURAS SINTETIZADAS
O problema é que não havia nenhum disco de Brian Peter George St. Jean le Baptiste de la Salle Eno (o nome completo da figura!). Estudante e vivendo de mesada, eu precisei economizar por alguns meses antes de comprar um álbum de Eno (que eu já estava a namorar na Opus Discos).
E foi justamente com “Another Green World” que eu conheci, claro que a princípio eu estranhei, todo o talento deste músico singular. Sintetizadores na posse de mentes menos criativas podem se tornar uma tremenda chatice, porém não é o caso de Brian Eno. Experimentador por natureza e curioso com estes aparatos eletrônicos desde sua época no Roxy Music, a musica de Eno é instigante e sempre inovadora.
.
OUTRO MUNDO VERDE
Lançado em 1975, “Another Green World”, terceiro álbum solo de Eno, é uma surpresa atrás da outra. Em suas 14 faixas a grande ênfase é na música instrumental, existem 4 lindas canções (digamos mais convencionais) espalhadas ao longo do percurso.
Brian Eno se cerca de grandes músicos convidados: Robert Fripp (guitarra), Phil Collins (bateria) e John Cale (viola), entre outros. Um detalhe pitoresco é a ficha técnica que credita, para cada faixa, os músicos participantes e os seus instrumentos acompanhados de adjetivos insólitos: “guitarra serpenteante”, “baixo âncora”, “percussão espasmódica”, “órgão agitado”, “guitarra contida” e até “sons não naturais”.
As camadas sonoras, criadas por Eno e seus amigos, nos passam as mais variadas sensações: ora são tranqüilas, ora excitantes, ora alegres, ora assustadoras, ora engraçadas. Ele desenvolveu e utilizou uma técnica chamada Estratégias Oblíquas, que consiste em uma série de cartas contendo uma frase ou observação enigmática que deve ser usada como direção quando (no caso a composição) se encontra num dilema ou encruzilhada.
(ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrat%C3%A9gias_obl%C3%ADquas)
Eu sempre gostei de conhecer coisas diferentes no mundo da música, e graças a este disco um novo mundo (não necessariamente só verde!) de possibilidades abriu-se à minha frente.
.
FAIXAS
Lado 1
1) Sky Saw
2) Over Fire Island
3) St. Elmo’s Fire
4) In Dark Trees
5) The Big Ship
6) I’ll Come Running
7) Another Green World
Lado 2
1) Sombre Reptiles
2) Little Fishes
3) Golden Hours
4) Becalmed
5) Zawinul/Lava
6) Everything Merges with the Night
7) Spirits Drifting
.
MÚSICAS
Ouça o álbum completo: