NO UNIVERSO DOS SONHOS
Uma das vanguardas artísticas mais interessantes, nascida na Paris dos anos 1920, o surrealismo privilegia o papel do inconsciente e dos sonhos na atividade criativa. Sua intenção é produzir uma arte liberta do racionalismo.
André Breton, poeta, crítico de arte e um dos líderes do movimento, escreveu em seu “Manifesto Surrealista”:
“SURREALISMO. Automatismo psíquico puro, pelo qual propõe-se exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral”
É impossível ficar indiferente ante uma obra surrealista, seja um filme de Luis Buñuel ou um quadro de Salvador Dalí. Ou não se encantar com a obra de René Magritte.
AS CAPAS DO PINK FLOYD
Mesmo que você não goste (seria isso possível?) da música do Pink Floyd, provavelmente já notou que as capas dos álbuns do grupo inglês são no mínimo diferentes. Para os floydmaníacos iniciados existe o disco da “vaca”, o disco do “prisma”, o do “porco” e por aí vai.
O nome por trás dessas imagens icônicas é o do designer gráfico inglês Storm Thorgerson que, seja individualmente ou com seus companheiros do estúdio Hipgnosis, concebeu quase todas as capas de álbuns do Pink Floyd (ficam de fora as capas de “The Piper at the Gates of Dawn” e “The Wall”).
.
OUÇA, LEIA E CONVERSE
Storm Thorgerson, assim como o Pink Floyd, é oriundo de Cambridge. Em 1968 aconteceu o primeiro trabalho ligado ao mundo do rock: a capa do segundo disco do Pink Floyd: “A Saucerful of Secrets”.
Apesar de Thorgerson não ter ficado muito satisfeito com o resultado, para nossa sorte, a parceria com o Pink Floyd continuou até sua morte, ocorrida em 2013.
Algum tempo depois Thorgherson e Aubrey Powell fundaram o estúdio de design Hipgnosis (receberiam posteriormente o reforço de Peter Christopherson) que se especializou em chamar a nossa atenção visual pelas inúmeras capas de discos criadas. O grupo acabou em 1983, Powell seguiu dedicando-se a trabalhos em vídeo.
Em uma entrevista para a edição especial sobre capas da revista Bizz, maio de 2005, Thorgerson resumiu seu método de trabalho de criação de capas: ouvir a música, ler as letras (quando há!) e conversar com o artista sobre a obra. Depois fornecer pelo menos oito opções de escolha para o artista.
A INFLUÊNCIA DE MAGRITTE
A arte de Thorgerson/Hipgnosis, que utiliza bastante a fotografia, é repleta de elementos surreais daqueles que nos fazem questionar: “Isso é real ou estou sonhando?”.
O pintor belga René Magritte é uma das grandes inspirações para o trabalho de Thorgerson. Tal influência é marcante no trabalho gráfico para o álbum “Wish You Were Here” do Pink Floyd, mas também transparece em outros pontos como na capa de “Frances the Mute” do Mars Volta ou “Absolution” do Muse.
Selecionei aqui algumas imagens que relacionam os trabalhos de Thorgerson aos quadros de Magritte.
ARTE TOTAL
Richard Wagner, o compositor alemão, falava em obra de arte total (Gesamtkunstwerk) que deveria integrar música, literatura, teatro, dança e artes visuais como forma de aumentar o alcance do apelo artístico, valorizando-o.
É dessa maneira que vejo uma boa capa de disco, como forma de valorização de seu conteúdo musical. É agradar aos olhos e ouvidos. Eu já disse aqui, e nisso tenho a companhia do José Maurício, que já comprei muito disco por causa de sua capa. Conheci o Mars Volta e o Muse devido às suas capas espetaculares. Agradeço ao Thorgerson, e ao Hipgnosis, por materializar de forma magistral a arte musical.
Para ver mais capas visite os sites