The Doors: Abrindo as Portas da Percepção

Paulo Fernandes

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CAÊ, MEU REI

Meu gosto roqueiro de adolescente foi construído basicamente pela música dos Beatles e dos Rolling Stones e pelo rock inglês do início dos anos 70, com honrosa exceção para o Creedence. Nessa época eu ouvia falar (muito timidamente) de Doors e Velvet Underground (eu achava esse nome muito bacana), mas pareciam coisas tão distantes e o acesso ao material deles tão difícil que nem fiz muito esforço para conhecer.

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Mas entre o final da década de 70 e início da de 80, o jornalismo musical brasileiro começou a falar muito desses dois grupos dos EUA. Alguns críticos mais exagerados passaram a endeusá-los de tal forma (Doors e V.U.) que os colocavam como as melhores coisas do rock de todos os tempos.

Um fato interessante, que não me sai da memória, ocorreu quando um desses jornalistas mais exaltados perguntou ao Caetano Veloso se ele gostava do rock dos anos 60, “como Doors e Velvet Underground”. Caetano respondeu que dessa época ele gostava mesmo era de Beatles e Rolling Stones.

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Mas nem tanto à terra e nem tanto ao mar, passada minha antipatia (onde já se viu colocar Beatles em segundo plano?) lá fui eu descobrir essas bandas “novas”: confesso que Velvet Underground ficou aquém de minhas expectativas, mas com Doors foi outra conversa: sua música me conquistou.

NEM TUDO SÃO FLORES

Os Doors despontaram para o estrelato no meio da agitação do Flower Power, do Verão do Amor, do Festival de Monterey e de todas aquelas coisas belas e sujas que desabrocharam em 1967.

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Só que a música do grupo, Jim Morrison (vocal), Ray Manzarek (teclados), Robby Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria), seguia em outra direção que não a dos hinos de paz e amor então em voga. Como Densmore disse “Nós representamos o lado mais sombrio”.

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO

O sucesso artístico dos Doors se deve tanto à figura carismática de Jim Morrison, sua voz e sua poesia, quanto à sólida integração instrumental de Manzarek, Krieger e Densmore.

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O nome da banda é uma alusão ao livro “As Portas da Percepção” do inglês Aldous Huxley, que por sua vez se baseia em versos do poeta William Blake: “Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria como realmente é: infinito”.

Jim Morrison, ao contrário de muitos letristas do rock, tinha uma bem embasada formação literária e venerava os poetas franceses do séc. XIX: Rimbaud e Baudelaire. Seu carisma e apelo sexual no palco eram proporcionais às suas provocações e confusões (foi preso algumas vezes por atentado ao pudor).

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Só esse diferencial poético já garantiria aos Doors um lugar na história do rock, mas a banda tinha algo mais: excelentes e criativos músicos fazendo uma costura bem elaborada de rock, blues, psicodelia e jazz (e até umas alinhavadas de flamenco graças ao violão de Krieger).

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Algo incomum era o fato de não terem baixista. Em estúdio havia músicos convidados se revezando no baixo, ao vivo Manzarek garantia (muito bem!) as partes do baixo com seus teclados.

ACENDA MEU FOGO

O primeiro disco, “The Doors”, foi lançado em 1967 e foi galgando lenta e gradualmente posições na parada de sucessos, graças em grande parte à música Light My Fire (quase 7 minutos de forte conteúdo sexual) que se tornou marca registrada do grupo.

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Quando o segundo disco, “Strange Days”, foi lançado, ainda em 1967, os Doors já eram celebridades nos EUA e passaram a se comportar como tais, com as maluquices e excessos de Morrison aumentando exponencialmente.

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Caminharam em direção a uma sofisticação jazzística de seu som no álbum “Waiting for the Sun” (1968) e exibiram uma faceta mais pop em “The Soft Parade” (1969), este com o concurso de orquestra de cordas e metais. Para depois retornar a um som mais cru e fortemente apoiado no blues em “Morrison Hotel” (1969) e “L.A. Woman” (1971).

MORTE AOS 27 ANOS

 “L.A. Woman”, de 1971 foi o último álbum gravado com a participação de Jim Morrison. Após a gravação do disco, Morrison foi passar uma temporada em Paris, com sua namorada Pamela Courson e, em 16 de junho daquele ano, foi encontrado morto na banheira de seu apartamento. Sua morte até hoje é cercada de mistérios.

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Manzarek, Krieger e Densmore seguiram com o nome Doors até o ano de 1972 e gravaram mais dois álbuns. Se reuniram novamente em 2001 para algumas apresentações, com diferentes vocalistas convidados.

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Ainda bem, para nós brasileiros passados dos 30 anos, ter havido esse resgate dos Doors, penso que foi graças ao Punk e derivados, a nos abrir as portas da percepção.

MÚSICAS

Clique na no nome da música para ouvir e ver:

01) Break on Through

02) Soul Kitchen

03) The Crystal Ship

04) Light my Fire

05) The End

06) Strange Days

07) Love Me Two Times

08) Moonlight Drive

09) Unknown Soldier

10) People Are Strange

11) When the Music Is Over

12) Hello, I Love You

13) Spanish Caravan

14) Touch Me

15) Roadhouse Blues

16) Waiting for the Sun

17) Queen of the Highway

18) Love Her Madly

19) L.A. Woman

20) Riders on the Storm

 

 

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Um comentário sobre “The Doors: Abrindo as Portas da Percepção

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