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Sagrado e maravilhoso, “Abbey Road” é com certeza o álbum que eu mais amo em toda a discografia dos Beatles. Gravado depois de “Let It Be” (1970) – mas lançado antes, em 1969 – é na verdade a última obra realizada pelos Beatles. Eu tinha 9 anos quando meu irmão o comprou em vinil (com capa sanduíche), ele foi também o primeiro disco dos Beatles pelo qual me apaixonei do começo ao fim, o que tanto me ajudou a gostar de álbuns (e a ouvi-los como um todo) e não apenas das músicas pinçadas para tocar no rádio.
SITUAÇÕES TENSAS
Já havia algum tempo, e o “Álbum Branco” de 1968 mostra bem isso, que as diferenças entre os membros do grupo vinham se acentuando e situações de tensão apareciam aqui e acolá. O filme “Let It Be”, que retrata o que deveria ser uma volta às origens, com a banda trabalhando junta em estúdio, mostra que essa união havia se quebrado irremediavelmente. George Harrison parecia ser o mais insatisfeito. Ele, que havia crescido como compositor, reclamava de ser sempre preterido na escolha dos repertórios dos discos.
Esse era quadro em 1969, agravado pelo fato de nenhum dos quatro Beatles ter ficado satisfeito com o resultado de “Let It Be”, álbum produzido por Phil Spector (todos os outros foram produzidos por George Martin).
À MANEIRA ANTIGA
Após as tensas gravações de “Let It Be”, Paul McCartney procurou George Martin com a intenção gravar um álbum “como nos velhos tempos… como a gente fazia antes”. Martin aceitou com a condição que a banda se comportasse “como nos velhos tempos”. John Lennon aceitou de bom grado.
O resultado é tão coeso, que nem parece ser fruto de um conjunto em processo de dissolução. Uma prova definitiva da genialidade dos Beatles e, também, do “5º beatle” George Martin.
DUAS CARAS DA MESMA MOEDA
Divido em 2 lados distintos: o Lado A tem a cara de Lennon, que deixa sua marca na funkeada Come Together, que abre essa obra-prima, e no épico psicodélico I Want You (She’s So Heavy), uma música em espiral (se é que me entendem) e parece-me que nunca vai ter fim.
Já o Lado B tem a cara de Paul McCartney, principalmente na suíte (medley) de 8 músicas interligadas que começa em You Never Give Me Your Money e vai até The End. McCartney e Martin tiveram a ideia de juntar fragmentos de músicas inacabadas de forma tão magnífica que o que poderia ser um desastre se transforma numa peça sublime.
No meio desse “confronto” de gigantes podemos apreciar 2 das maiores joias de Harrison, enquanto estava na banda: as baladas Here Comes The Sun e Something, esta que talvez é a música mais famosa desse álbum e que já foi regravada por uma centena de músicos.
Ringo também se sai muito bem na composição e interpretação da divertida e infantil Octupus’s Garden, na série infantil Vila Sésamo havia uma versão dela como No Jardim de Um Polvo Amigo.
Merece destaque especial a música concebida para encerrar o álbum e, quem sabe, a trajetória do grupo: The End (apesar de haver uma faixa escondida depois dela, a curtíssima Her Majesty), um rock progressivo – que inspirou muita banda setentista – na qual todos têm direito a um solo – o de Ringo é excelente! – e termina com os versos “And in the end / The love you take / Is equal to the love / You made” (E no final / O amor que você leva / É igual ao amor / Que você fez)
CAPA MARCANTE
A capa de Abbey Road – que é o nome do estúdio da EMI onde o álbum foi gravado – é uma das mais marcantes e conhecidas imagens dos Beatles, e que já suscitou uma série de interpretações, incluindo a de referência à suposta morte de Paul e sua substituição por um sósia. Imagem de simplicidade e força captada na rua onde fica o estúdio homônimo.
FAIXAS
Todas as faixas compostas por Lennon e McCartney. Exceto as indicadas.
Lado A
1) Come Together
2) Something (Harrison)
3) Maxwell’s Silver Hammer
4) Oh! Darling
5) Octupus’s Garden (Starkey)
6) I Want You (She’s So Heavy)
Lado B
1) Here Comes The Sun (Harrison)
2) Because
3) You Never Give Me Your Money
4) Sun King
5) Mean Mr. Mustard
6) Polythene Pam
7) She Came in Through the Bathroom Window
8) Golden Slumbers
9) Carry that Weight
10) The End
11) Her Majesty
MÚSICAS
Ouça o álbum completo (Lista de reprodução):
Pingback: Disco Nota 11: “Abbey Road” – Beatles | Patricia Finotti
mauro.pastinha@hotmail.com
EMAILS=2015-305 — 08/novembro-domingo = 03:33
DISCO NOTA 11 = ABBEY ROAD – B E A T L E S
Sempre serei agradecido ao pessoal do ROCKONTRO pelas obras primas
que só engrandecem meus domingos e de meus queridos correspondentes.
PAZ & BEM, E ATÉ AMANHÃ, SE DEUS QUISER
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