Vagner Pitta
(Publicado originalmente no Rockontro em agosto/2012)
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A mídia e o mercado conspiram para que todas as pessoas sejam iguais e para que as coisas sejam as mais padronizadas possíveis, já que é isso faz com que as pessoas gastem muito mais do que ganham e garanta o lucro de ambos.
Essa dupla (mídia e mercado) trabalha incessantemente para que:
- todas as pessoas gostem de novelas;
- todas as mulheres usem exatamente as mesmas roupas da moda e das tendências do momento;
- todo homem se veja dentro do estereótipo do cara “descolado” que tem um sedã bacana, bebe aquela cerveja do comercial e “pega” várias loiras nas baladas;
- acreditemos que o Rio de Janeiro é o símbolo maior do Brasil paradisíaco, verde e belo;
- acreditemos que “fanqui carioca” é cultura e que aquele tipo de música pornográfica não é jamais a banalização da música e da própria mulher;
- o estereótipo da periguete, aquele tipo de menina tão ousada quanto o carinha pegador nas baladas, seja o conceito da nova mulher, jovem, livre, leve e solta; idolatremos o Neymar e seus moicanos;
- percamos tempo com reality shows medíocres do tipo do Big Brother e A Fazenda, que nada tem a acrescentar em termos de conteúdo;
- as pessoas sonhem em viver em lugares da alta sociedade e do glamour e sintam vergonha de falar que vivem na periferia (como se nos bairros e nas cidades periféricas não existisse gente culta e bacana);
- não saibamos o real conceito de arte, já que a arte dá ares para o pensar independente;
MÚSICA para o brasileiro atual é Ivete Sangalo, Quero Tchu-tchá-tchá e Michel Teló azarando as periguetes nas baladas;
CINEMA para o brasileiro atual é algo tipo da saga “Crepúsculo” ou o padrão roliudiano pancada/destruição ou aquele tipo de filme estrelado por atores da Globo cheios de “atitude”, com apelações sexuais do tipo “E aí, comeu?” ou comédias baratas do tipo “Cilada.com”.
Pintura, Escultura, Teatro, Livres Improvisações e as variabilidades das Artes Performáticas é algo que o brasileiro não conhece, porque a arte não tem poder de mercado, então a mídia não mostra. Enfim, está cada cada vez mais raro de se encontrar aquele tipo de pessoa simples — e não confundam simplicidade com pobreza, por favor — que pensa por si mesma, que seja inquieta em descobrir, correr atrás de conhecimento e que não é um zumbi vestido de “marcas”.
Se você é um zumbi, saiba que nunca é tarde para voltar a ser você mesmo e priorizar as coisas que realmente trazem conteúdo e felicidade duradoura à sua vida. Se você acha que é feliz em ser um zumbi, faça bom proveito, você continuará a ser meu amigo desde que não queira me fazer ser igual a você. Mas saiba que sermos nós mesmos, sem os encargos de termos de ser iguais aos outros, é muito mais legal e pleno! Além disso, não fique triste se você não conseguir deixar de ser um zumbi de imediato: a vida lhe trará surpresas que mudarão seu jeito de zumbi e você começará a pensar por si próprio — e isso não significará que você está envelhecendo, mas sim que está ficando mais maduro, mais sábio e responsável.
mauro.pastinha@hotmail.com
EMAILS=2015-312.1 — 15/novembro-domingo = 06:21/HBV
DISCO NOTA 11 = HOJE NÃO TEM DISCO — TEM
NORMAS DE COMPORTAMENTO SOCIAL QI=180
Tenho um prazer orgásmico de conviver com pessoas inteligentes, que sempre
mostram que estou no caminho certo, em minhas preferências, usos e modos.
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Abordagem interessante e inteligente.
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