E AGORA ?
A saída de Syd Barrett do Pink Floyd deixou a banda numa encruzilhada: qual direção musical tomar? Os delírios psicodélicos do primeiro disco, “The Piper at the Gates of Dawn” só eram possíveis graças à presença luminosa de Barrett.
E é essa dúvida que permeia os discos subseqüentes do Pink Floyd, apesar da indiscutível qualidade, mostram o grupo à procura de uma identidade musical e ainda sob a sombra de Syd: “A Saucerful of Secrets” de 1968 e “Ummagumma” de 1969 exemplificam essa questão.
É com seu quinto álbum, “Atom Heart Mother” de 1970, com a famosa capa da vaca, que começamos a ter uma idéia do que seria conhecido como “som do Pink Floyd” pós-Barrett. Nota-se também um Roger Waters mais seguro em seu papel, ainda não oficializado, de líder da banda. A faixa-título, que ocupa todo o lado A no vinil, é uma suíte instrumental que traz uma síntese do que o Pink Floyd iria burilar à perfeição dali para frente: melodias e harmonias bem trabalhadas, experimentação sonora e farto uso de tecnologia.
Faltavam apenas as letras existencialistas de Waters, cuja amostra está na bela If que abre o lado B. O disco ainda tem uma composição espetacular de Rick Wright, Summer 68, música que era ouvida de 2ª a sábado por milhões de brasileiros: ela era usada em um comercial do Banco Nacional, patrocinador do Jornal Nacional da Globo, durante a primeira metade da década de 1970.
ORELHA INTROMETIDA
O sexto álbum do Pink Floyd, “Meddle” de 1971, foi concebido com a mesma estrutura de seu antecessor: um lado de canções e um lado de faixa única. A diferença é que Echoes, que ocupa todo o lado B, além de temas melódicos perfeitos e experimentação bem dosada, tem as letras, simples e profundas, de Waters.
Sem dúvida uma das melhores músicas do Pink Floyd (experimente ouvi-la com a luz apagada e deitado, é uma viagem espetacular!). A combinação das vozes complementares de David Gilmour e Rick Wright é algo transcendente. Echoes ajudou a pôr fim às dúvidas artísticas que ainda persistiam na banda.
Dizem que Echoes está em sincronia com a parte final do filme “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (Júpiter e Além do Infinito) de Stanley Kubrick. As primeiras versões da letra descreviam uma ambientação no espaço, porém o grupo – querendo se livrar do rótulo de “rock espacial” – transportou a ação para o mundo submarino.
Mesmo que “Meddle” só tivesse Echoes ainda assim seria um dos melhores discos da história, mas não era só isso.
O disco é aberto pelo hard-progressivo instrumental One of These Days seguido pelas canções A Pillow of Winds, Fearless e San Tropez, todas com letras de Waters o que, juntamente com o fato das faixas serem interligadas, confere uma maior unidade, ausente nos predecessores, ao álbum.
A nota dissonante, que nem de longe prejudica o conjunto da obra, é o blues Seamus um dueto entre Gilmour e um cachorro.
Nas palavras de David Gilmour, que faço minhas: “Meddle está entre os meus favoritos. Para mim foi o princípio da caminhada do Pink Floyd”.
A capa estranha, do frequente colaborador do Pink Floyd o fotógrafo Storm Thogerson, apresenta uma orelha “afogando” e não possui nenhum texto. A palavra inglesa meddle que dizer algo como intrometer-se ou imiscuir-se.
FAIXAS
Lado A
1) One of These Days (Waters, Wright, Mason, Gilmour)
2) A Pillow of Winds (Waters, Gilmour) – voc: Gilmour
3) Fearless (Waters, Gilmour) – voc: Gilmour
4) San Tropez (Waters) – voc: Waters
5) Seamus (Waters, Wright, Mason, Gilmour) – voc: Gilmour e o cão Seamus
Lado B
1) Echoes (Waters, Wright, Mason, Gilmour) – voc: Gilmour e Wright
CURIOSIDADES
Um mesmo tema abre e fecha a música Echoes. Isso seria uma das marcas do Pink Floyd daqui para frente com os discos tendo o início e o fim iguais.
A torcida do Liverpool aparece cantando uma música da dupla Rodgers e Hammerstein, e que se transformou numa espécie de hino do clube: You’ll Never Walk Alone ao final de Fearless.
O cachorro cantor Seamus pertencia ao guitarrista Steve Marriott, membro das bandas Small Faces e Humble Pie.
“Meddle” gerou um filme excelente, grande parte gravado na cidade-monumento de Pompéia, no qual o Pink Floyd toca ao vivo e sem platéia: “Live at Pompeii”.
MÚSICAS
Ouça o álbum completo:
number one melhor que beatles ahahhahahah….
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