TRÊS VERSÕES DE UM CLÁSSICO
A canção Don’t Let me Be Misunderstood foi composta em 1964 por Bennie Benjamin, Gloria Caldwell e Sol Marcus para o repertório da cantora de jazz Nina Simone. No ano seguinte a canção foi regravada pelos Animals e só então se tornou um sucesso. Vários outros artistas – inclusive Joe Cocker em 1969 – gravaram suas versões ao longo do tempo, até que 1977 ela ganhou um novo fôlego numa versão épica do grupo Santa Esmeralda.

A capa do álbum do Santa Esmeralda, estrelando Leroy Gomez.
A primeira vez que eu escutei essa música foi justamente com o Santa Esmeralda. No álbum de mesmo nome do combo franco-americano ela ocupava todo o lado A. Lançada no auge da discothèque, foi um sucesso estrondoso no mundo inteiro com sua inclusão de elementos rítmicos da música disco, da salsa e do flamenco em cima da versão dos Animals.
Depois da agitação festeira do Santa Esmeralda, eu cheguei à primeira versão de estúdio dos Animals de 1965 que é um blues rock contido, porém bem mais rápido que a versão de Nina Simone. Eric Burdon e cia. a regravaram diversas outras vezes tanto em estúdio quanto ao vivo.

The Animals. Eric Burdon está de terno xadrez.
Neste caminhar da mais nova versão para a mais velha, eu só fui ouvir a original, de 1964, de Nina Simone ao escrever este artigo. Maravilha! A cantora imprime um ritmo lento de blues e usa sua voz única numa interpretação cheia de sentimento e emoção. O acompanhamento instrumental de orquestra é bem suave, assim como o dos vocais de apoio.
Não sei dizer qual seria a minha versão preferida, pois na verdade é uma música que se desdobra em três outras quase distintas. Cada uma delas pode se encaixar melhor em nossos corações de acordo com a ocasião.

Nina Simone
Uma curiosidade: no filme “Kill Bill: Volume 1”, de Quentin Tarantino, foi usado um trecho da versão do Santa Esmeralda, durante o duelo entre A Noiva (Uma Thurman) e O-Ren Ishii (Lucy Liu).
MÚSICAS
Santa Esmeralda:
Animals:
Nina Simone:
Bônus 1: Joe Cocker
Bônus 2: cena de “Kill Bill: Volume 1”
Tenho mais duas versões: uma roqueira com a guitarra matadora de Aalon Butler feita bela Eric Burdon Band para o disco “Sun secrets” de 1974 (https://www.youtube.com/watch?v=FNFslsBxZ00) e uma bluseira da banda Duffy no disco de 1971 “Just In Case You’re Interested…” (https://www.youtube.com/watch?v=iqKPsB2RDzA). Cada uma melhor que a outra!!!
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Eu conhecia apenas a versão do Santa Esmeralda, que achei ge-ni-al quando vi usada em Kill Bill (ave Tarantino morituri salutant). As demais versões são também muito interessantes para, como bem disse o articulista, se encaixarem em nossos corações de acordo com a ocasião. Palmas!
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Eu não consigo escutar outra versão que não seja a da Nina. Essa me faz chorar toda vez. Arranca de mim algo que não conhecia. Escuto sempre no meu cafofo no privado. Minha esposa perguntava sempre se era alguma lembrança, ate eu botar os headphones nela e pedir para escutar sem pensar em nada. Nos estudamos nos EUA e dominamos bem o idioma. Talvez, gostaria de escutar uma versão feita pelo Gary Moore em 1997, mas não acho ela, a pesar de ter ligado para a gravadora. Me responderam que foi algo individual dele para shows ao vivo, e nunca gravou. Mas…a busca continua. Obrigado pela excelente matéria, Paulo.
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