New Order ou como o Joy Division dança

Paulo Fernandes

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A TRISTE DIVISÃO DA ALEGRIA

O Joy Division começou em 1976 no auge do punk rock inglês. Ian Curtis (vocais), Bernard Sumner (guitarra e teclados), Peter Hook (baixo e vocais) e Stephen Morris (bateria e percussão) logo passaram para a estética pós-punk, agregando uma alta dose de melancolia e depressão, reforçada pelas letras sombrias e o vocal soturno de Ian Curtis.

Joy Division

Joy Division

Foram apenas 2 álbuns lançados: “Unknow Pleasures” (1979) e “Closer” (1980). Ian Curtis, que sofria de epilepsia e depressão, cometeu suicídio em maio de 1980. Era o fim do Joy Division e o início do mito que persiste até hoje e continua a influenciar várias gerações roqueiras.

 

DAS CINZAS NASCE UMA NOVA ORDEM

Sumner, Hook e Morris decidiram tocar o barco em frente, mas com um nome diferente: New Order. A tecladista Gillian Gilbert foi agregada à banda.

As primeiras gravações do New Order, assim como o primeiro álbum “Movement” (1981) soam bastante parecidas com as do Joy Division, mas não tarda para eles encontrarem uma identidade sonora inconfundivelmente distinta: ao pós-punk juntam-se mais elementos de música eletrônica (a banda ama o Kraftwerk) e dance music, além de um clima mais alegre e otimista.

New Order (Gilbert, Sumner, Hook e Morris)

New Order (Gilbert, Sumner, Hook e Morris)

O pioneirismo do New Order nessa seara sonora forjou até um gênero: dance rock. Eu diria que é uma música que é ótima para ouvir, sem enjoar, e ótima para dançar. Ou seja uma das melhores coisas do rock oitentista.

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A banda já lançou 9 álbuns de estúdio, sendo que o melhor de sua produção está concentrada na década de 1980, a excelente sequência: “Power, Corruption and Lies” (1983) – pela quantidade de músicas desse disco na galeria de vídeos, não preciso nem dizer que é o meu preferido -, “Low-Life” (1985), “Brotherhood” (1986) e “Technique” (1989)

 

BRIGAS E SEPARAÇÕES

O New Order deu pausa entre 1993 e 1998. No começo da década de 2000, Gillian Gilbert deixa a banda para cuidar de seus filhos (de seu casamento com Stephen Morris).

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Peter Hook anunciou o fim da banda, com sua saída, em 2006. Acontece que Summner e Morris afirmaram que o New Order continuaria sem Hook. Brigas e provocações de ambos os lados têm sido freqüentes desde então.

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CURIOSIDADES

Os nomes das duas bandas têm relação a fatos históricos da IIª Guerra Mundial: Joy Division (Divisão da Alegria) era um setor dos campos de concentração nazistas onde prisioneiras judias eram obrigadas a se prostituir e New Order (Nova Ordem) era a política (incluindo conjunturas sociais e econômicas) implantada nos territórios ocupados pelos nazistas, e que deveria se estender a toda Europa (e ao Mundo) caso ganhassem a guerra.

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MÚSICAS (VÍDEOS)

Clique na imagem para ouvir e ver:

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2 comentários sobre “New Order ou como o Joy Division dança

  1. O nome New Order foi sugestão do manager que os empresariava desde os tempos do Joy Division, Rob Gretton (hoje falecido). Esse nome lhe ocorreu após ter assistido um documentário sobre Pol Pot, Khmer Rouge e o “New Order for the Kampuchean Liberation” na TV, mas na verdade o que ele gostou é que o termo sugeria a ideia de mudança (o “renascimento” ou “nova fase” do grupo). Todavia, a imprensa marrom da época, que ainda estava com a história do nome Joy Division entalada na garganta, não perdoou e evocou de novo as suspeitas sobre as filiações políticas do grupo. O mais incrível é que ainda hoje, depois de tantos anos, vejo nos fóruns um assunto dado como encerrado ainda provocar discussão. A escolha do nome Joy Division teve muito a ver com a provocação agressiva do punk, ainda que o baterista Stephen Morris tivesse declarado que também era uma forma de lembrar (à moda punk, é claro) os sacrifícios das gerações anteriores durante a II Guerra. Além disso, Peter Hook e Bernard Sumner foram categóricos diversas vezes anos mais tarde: nunca tiveram qualquer simpatia pelo nazismo, nem sequer eram politicamente alinhados aos conservadores. Chegaram, inclusive, a fazer um show para trabalhadores em greve de uma mineradora. Mas o povo ainda adora essa polêmica (e eles, por sua vez, odeiam ainda ter que responder perguntas sobre isso).

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