Tears for Fears: Canções do divã

Paulo Fernandes

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GRITE

Shout, shout, let it all out
These are the things I can do without
Come on, I’m talking to you, come on

Como diria o Fábio Lara, estas palavras soavam como um mantra – onipresente no rádio e na TV – nos idos tempos de 1985/1986. Era uma espécie de chamamento a todos para conquistar seu lugar num mundo em mutação, nem que seja no grito. Era a música Shout do segundo álbum, “Songs from the Big Chair”, da dupla Tears for Fears e até hoje a marca registrada do grupo de Roland Orzabal e Curtis Smith.

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O Tears for Fears começou suas atividades em 1981, no auge do movimento new wave, e a princípio foi identificado como mais uma, dentre tantas, bandinhas despretensiosas de synthpop (o pop baseado em sintetizadores), mas o lançamento de seu primeiro álbum em 1983, “The Hurting”, deixou claro que o grupo tinha uma proposta musical consistente e com letras inteligentes.

Este álbum toca em assuntos relativos ao sofrimento emocional de Orzabal na infância e seu tratamento usando a Teoria do Grito Primal desenvolvida pelo psicoterapeuta Arthur Janov. Três canções ajudaram a firmar o nome do grupo no cenário musical: Mad World, Pale Shelter e Change.

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CANÇÕES DO DIVÃ

Em 1985 é a vez do segundo álbum, “Songs from the Big Chair”, que segue a linha de seu antecessor, porém ampliando o leque sonoro da banda. Este álbum puxado pelas faixas Shout e Everybody Wants to Rule the World,  tornou o Tears for Fears conhecido e admirado no mundo todo, inclusive no Brasil, onde ganharam o apelido carinhoso de Tias Fofinhas.

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Novamente com referências à psicanálise, o título do álbum – canções do divã em português – é baseado no livro “Sybil”, de Flora Rheta Schreiber, que descreve o tratamento de uma jovem com transtorno de múltiplas personalidades. É certamente o melhor álbum dos Tears for Fears e um dos melhores da década de 80.

Combinando rocks de forte apelo emocional, baladas agradáveis e pop dançante, este álbum equilibra bem os sons dos sintetizadores com as guitarras e com as vozes contrastantes e complementares de Orzabal e Curtis. É um daqueles discos que me marcaram profundamente e ficaram como símbolo de uma época muito boa de minha vida.

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PSICODELIA E JAZZ

O terceiro álbum só foi lançado em 1989, “The Seeds of Love”. Os grandes diferenciais deste álbum são as referências ao jazz e à música dos Beatles em sua fase psicodélica, esta última influência é percebida principalmente na espetacular faixa Sowing the Seeds of Love. Por outro lado, a cantora convidada Oleta Adams tempera algumas canções com jazz e soul, com destaque para a faixa de abertura Woman in Chains.

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Em 1991, após um sério desentendimento, Curtis Smiths deixou o TFF. Roland Orzabal manteve o nome do grupo, seguiu em frente e gravou dois álbuns na década de 90: “Elemental” (1993) e “Raoul and The Kings of Spain” (1995), com algum sucesso. Orzabal e Smith fizeram as pazes em 2000 e reformularam o grupo. Nesta segunda fase foi lançado apenas um álbum: o ótimo “Everybody Loves a Happy Ending” de 2004.

Quase ia esquecendo-me de dizer que o nome do grupo também remete à terapia do grito primal que propõe trocar seus medos por lágrimas.

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MÚSICAS

2 comentários sobre “Tears for Fears: Canções do divã

  1. E.MAILS=2016-062.1 — 06/domingo = 03:46
    DISCO NOTA 11 = TEARS FOR FEARS
    – Via ROCKONTRO
    Obrigado, fieis companheiros, por este presente, nota 10.
    Recebam um grande abraço deste Velho/74 Roqueiro.
    Fernandinho, Pastinha e Zé.Mauricio = Show PESA NERVOS
    PAZ & BEM, E ATÉ AMANHÃ, SE DEUS NOS PERMITIR

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  2. Marcantes, talentosos e inteligentes…tears for fears sao uns dos melhores presentes que o rock nos deu. Mesmo no auge da juventude e beleza (Curt era um dos rostos mais bonitos dos 80) não se enveredaram pelo caminho do sucesso fácil através da imagem ( lembremos do wham!). E por essa escolha que tears for fears é reverenciado musicalmente Ate hoje

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