Museu de Grandes Novidades

Paulo Fernandes

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“Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades”
(Cazuza)

– Essa música é velha, hem!?

Não raro escuto tal interjeição de espanto vinda daqueles que não conseguem se libertar da urgente cultura da novidade e criticam tudo que foi feito ontem na ânsia de engolir – sem mastigar – tudo que lhes é colocado à frente.

– É velha, mas é boa! E é eterna! – respondo eu.

. 

EU OUÇO MÚSICA VELHA! O TEMPO TODO 

Estava eu a ouvir o último álbum do Arctic Monkeys, “AM”, e aquela profusão de referências à música dos anos 1960 e 1970 (a propósito é um disco muito bom) quando comecei a pensar na Gabriela, no Alex Turner e na Carolina.

– Peraí! Vocês nasceram bem depois que os Beatles se separaram, e até depois que John Lennon foi para outro mundo, e vocês acham que “depois deles não apareceu mais ninguém?”

Arctic Monkeys

Arctic Monkeys

Tudo bem que eu e José Maurício gostemos de Beatles, Pink Floyd e Led Zeppelin, pois nós já estávamos neste mundo enquanto essas bandas e outros baluartes do rock estavam na ativa ou pelo menos, usando um clichê atual, em sua formação clássica. Eu, ao contrário, prefiro o rock de cerca de 1965 para cá, do que aquele que veio antes do meu nascimento (Elvis Presley, Chuck Berry e outros cinquentistas). Mas para Gabi, Alex e Carol não parece ser assim, pois gostam de coisas de 10, 20 ou até mais de 30 anos antes de nascerem.

Vocês devem estar esperando uma conclusão do tipo: “Isso é porque a música do passado é realmente melhor do que a atual”, mas penso que a resposta não é tão fácil assim. Sei que meu irmão Pedro e o José Maurício pensam assim desde o início da década de 1980.

Espiral de Arquimedes

Espiral de Arquimedes

Prefiro pensar na espiral de Arquimedes, aquela função matemática que passa pelo mesmo eixo, porém ampliada (como explico uma maluquice dessas?). Na verdade penso que toda grande revolução no mundo do rock, mesmo quando pretendia negar o passado como o punk, já vinha carregada de influências pretéritas em maior ou menor escala.

Grupos inteligentes que filtram tudo de bom que veio antes deles e usam isto em sua própria música estão, em minha opinião, no caminho certo. Acertam mais ainda se ainda assim conseguem criar uma identidade sonora.

De volta ao álbum do Arctic Monkeys, acho ótimo descobrir os elementos do passado citados. Isso em hipótese nenhuma diminui o valor dos músicos, pois essas influências quando bem usadas nos dão um prazer renovado. Assim como os Beatles, que a cada novo álbum ampliavam seu espectro sonoro e agregavam qualidade à sua música, o Arctic Monkeys vai garantindo seu lugar na história e deixando para trás a imagem adolescente, com muita qualidade.

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Este museu do rock não é estático e contemplativo, mas dinâmico e interativo. Nós, os fãs, agradecemos!

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INFLUÊNCIAS E COINCIDÊNCIAS

Explícitas ou não, declaradas ou não, estas são algumas das influências presentes na música do Arctic Monkeys:

Led Zeppelin – Ozone Baby

 

Go With The Flow – Queens of The Stone Age

 

Black Sabbath – Paranoid

 

Prince – Kiss

 

Rolling Stones Psychedelic – 2000 light years from home

 

Beatles – Strawberry Fields

 

Ike & Tina Turner – Proud Mary

7 comentários sobre “Museu de Grandes Novidades

  1. Grande Paulo!
    Meu problema é que ainda não ouvi tudo de bom feito naqueles anos (1962 a 1979 ). Esse museu ainda me supre com muitas novidades como os Lps Breathe a Wilhe (do Arcadium), Armageddon (do Armageddon),Baker Gurvitz Army (do Baker Gurvitz Army), Blood on the Snow (do Coven), Just in Case You’re Interested (do Duffy),Fuzzy Duke (do Fuzzy Duke), Gandalf (do Gandalf), Junkes, Monkeys & Donkeys (do Jericho Jones), Kaleidoscope (do Tangerine Dream) e principalmente de Axe Victim (do Be Bop Deluxe)…
    Mas entre esses ainda sobra um tempinho para ouvir o Tame Impala, o La Morsa, etc.

    Curtido por 1 pessoa

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