Paulo Fernandes
BICHOS ESCROTOS
Nove sujeitos. Terninhos iguais. Penteados esquisitos. 1982. Iê-Iê-Iê relido(!?).
No início eram + 2: Ciro Pessoa e André Jung e – 1: Charles Gavin. Os outros eram Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Belloto. Chamavam-se Titãs do Iê-Iê-Iê, cantavam Sonífera Ilha em programas de auditório e pareciam ser mais um daqueles tantos grupos do rock nacional que surgiram, emplacaram um único sucesso e desapareceram.
Não foi bem assim. Em 1984, já sem o Iê-Iê-Iê e sem Ciro Pessoa, foi lançado o primeiro disco: “Titãs”. Em 1985, e a troca de André Jung por Charles Gavin, é a vez de “Televisão”. O som desses dois trabalhos ainda era bem fundado no pop.
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A MELHOR BANDA DE TODOS OS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA
A guinada para um som mais pesado, com influências do punk, e letras polêmicas com críticas sociais às misérias nacionais finalmente trouxe o sucesso e o reconhecimento para os Titãs. Essa nova estética aparece em “Cabeça Dinossauro”, de 1986, e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, de 1987.
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FLORES E PALAVRAS: Õ BLÉSQ BLOM
Talvez eu fosse um cara meio insensível com relação aos Titãs. A banda não conseguia me agradar totalmente, nem com o popzinho inicial e nem com o som mais sujo (e até chulo) do terceiro e quarto álbuns.
Ai aconteceu uma revolução. O seu quinto disco, de 1989, “Õ Blésq Blom” chegou trazendo ecos de coisas que eu muito admiro: sons psicodélicos, influências do tropicalismo, jogos de palavras (não que não os tivessem antes) e uma produção sonora sofisticada.
A música dos Titãs que eu mais gosto está nesse disco: Flores, sinto nela o sabor da fase psicodélica dos Beatles. E seu final evocando Born to Be Wild do Steppenwolf? Muito bom!!!
Com esse álbum, os Titãs voltaram seu olhar para a cultura brasileira, ao mesmo tempo em que expandiram seus horizontes às sonoridades mundiais, do passado e do presente.
Uma dupla de repentistas da Praia de Boa Viagem no Recife, Mauro e Quitéria, abre e fecha o disco com vinhetas divertidas. Além disso, uma frase de Mauro dá o nome ao álbum: segundo ele, Õ Blésq Blom quer dizer “os primeiros homens que andaram sobre a terra”.
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FAIXAS
Lado A
1) Introdução por Mauro e Quitéria (Mauro, Quitéria)
2) Miséria (Arnaldo, Paulo, Sérgio)
3) Racio Símio (Arnaldo, Marcelo, Nando)
4) O Camelo e o Dromedário (Marcelo, Nando, Paulo, Tony)
5) Palavras (Marcelo, Sérgio)
6) Medo (Arnaldo, Marcelo, Tony)
7) Natureza Morta
Lado B
1) Flores (Charles, Paulo, Sérgio, Tony)
2) O Pulso (Arnaldo, Marcelo, Tony)
3) 32 Dentes (Branco, Marcelo, Sérgio)
4) Faculdade (Arnaldo, Branco, Marcelo, Nando, Paulo)
5) Deus e o Diabo (Nando, Paulo, Sérgio)
6) Vinheta Final por Mauro e Quitéria (Mauro, Quitéria)
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MÚSICAS
Ouça o álbum completo: