Memórias, Momentos e Músicas: Genesis – “Supper’s Ready”

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MÚSICAS QUE NÃO DEVERIAM TER FIM

Existem algumas músicas que me envolvem e conquistam de tal maneira que, quando as escuto, fico torcendo para que não acabem nunca. Talvez por isso, eu seja aficionado por músicas mais longas, daquelas que ocupam todo um lado do LP, como Atom Heart Mother e Echoes do Pink Floyd, Close to the Edge e The Gates of Delirium do Yes ou Hamburger Concerto do Focus.

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A capa aberta de “Foxtrot”

Outro elemento que contribuiu para essa minha mania foi o fato de treinar meu ouvido desde cedo com música clássica e suas sinfonias, concertos e poemas sinfônicos que muitas vezes ultrapassam 60 minutos de duração.

Dentro deste universo há uma que eu particularmente amo de montão: Supper’s Ready do Genesis. Considero-a a mais bonita, a melhor e a mais perfeita do grupo.

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Supper’s Ready ao vivo em 1973.

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O que faz esta música – que ocupa quase todo o Lado B do álbum “Foxtrot” (1972) – ser tão especial? É que, apesar de seus 23 minutos, ela não é monolítica e compõe-se de sete seções bem demarcadas, o que faz dela uma suíte musical. Apesar de suas seções distintas, há uma grande coesão entre as partes e o tema musical de uma seção aparece em outras, de tal maneira que se torna impossível destacar qualquer uma dessas partes como uma canção isolada. Só para ilustrar um exemplo contrário disto seria a música The Gates of Delirium do Yes, na qual sua última seção – Soon – foi destacada das demais e virou até sucesso radiofônico.

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Hackett, Banks, Gabriel, Collins e Rutherford

A inspiração melódica do Genesis estava no auge nesta época. A parte instrumental ficava a cargo de Tony Banks, Steve Hackett, Mike Rutherford e Phil Collins, enquanto Peter Gabriel se encarregava das letras e na junção delas com a música.

Segundo declaração de Peter Gabriel, ele se inspirou num acontecimento sobrenatural presenciado por ele, sua mulher Jill e um amigo do casal, John Anthony. Certa noite, os três estavam numa sala na casa dos pais de Jill e, em determinado momento, sentiram mudanças estranhas no ambiente e viram janelas se abrindo sozinhas, fumaças dançando em espiral, e fantasmas em roupas brancas a carregar velas acesas.

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The Flower, Magog e The Silver Man, alguns dos personagens da música e as caraterizações de Peter Gabriel no palco.

Após esta arrepiante experiência, somada à leitura do Livro do Apocalipse, Peter começou a escrever a letra da canção, cuja ideia central pode ser resumida como a batalha do Mal contra o Bem, e a vitória final deste último.

As sete seções que compõem a música, estão listadas abaixo e com indicação de seu período temporal:

  1. Lover’s Leap (0’00”- 3’47”)
  2. The Guaranteed Eternal Sanctuary Man (3’48”- 5’43”)
  3. Ikhnaton and Itsacon and Their Band of Merry Men (5’44”- 9’42”)
  4. How Dare I Be So Beautiful? (9’43”-11’04”)
  5. Willow Farm (11’05”-15’36”)
  6. Apocalypse in 9/8 (Co-Starring the Delicious Talents of Gabble Ratchet) (15’36”- 20’50”)
  7. As Sure As Eggs Is Eggs (Aching Men’s Feet) (20’51”-22’54”)

Desde então, Supper’s Ready se tornou presença constante nos shows do Genesis, geralmente no encerramento, e um prato cheio para Peter Gabriel incorporar os diversos personagens da trama em suas caracterizações teatrais sobre o palco.

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Peter e Jill, circa 1973.

VÍDEOS


Se quiser só escutar a música…:


Ao vivo em 1973:

Detalhe: no início do vídeo Peter Gabriel assobia a melodia de Jerusalem.


Filme de animação feito por Nathaniel Barlam a partir da música:


 

2 comentários sobre “Memórias, Momentos e Músicas: Genesis – “Supper’s Ready”

  1. Que musicão, senhoras e senhores… Na minha opinião, essa é a melhor canção de todos os tempos, acima de todos os níveis e estilos. Embora “Supper’s Ready” seja também a minha canção favorita em todo o repertório do Genesis (Era Gabriel), meu álbum favorito deles ainda é o Selling England by the Pound (1973). Lembrando que Foxtrot (1972) foi o primeiro disco que eu ouvi da banda em 2012, quando o mesmo completava 40 anos de lançamento. Depois conheci o Nursery Cryme (1971) e mais tarde o SEBTP. Só com esses três álbuns, o meu preconceito passado que eu tinha com o Genesis acabou definitivamente, e passei a te-los como uma das minhas inúmeras bandas favoritas da história.

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