Paulo Fernandes
ABAIXO A GUITARRA ELÉTRICA
Quem diria? A mesma Elis Regina que havia, no final da década de 1960, sido uma das lideres da passeata contra a guitarra elétrica na música brasileira (tendo conseguido arrastar até o tropicalista Gilberto Gil para tal insanidade), caiu de cabeça no rock (com guitarra elétrica e tudo mais) menos de uma década depois.
Bom para nós, ouvintes. Em 1976, aquela que é considerada como a melhor intérprete da música brasileira lançou um dos melhores álbuns da chamada MPB (música popular brasileira): “Falso Brilhante”. O grande diferencial desse álbum e que suas duas musicas iniciais, Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida, ambas de Belchior, são rocks. Mas não é só isso, uma atmosfera de rock mais ou menos diluída permeia alguns outros momentos do disco, como em Quero de Thomas Roth ou Jardins de Infância de João Bosco e Aldir Blanc.
Um dos grandes méritos de Elis Regina, além de ser uma grande intérprete, foi o de impulsionar a carreira de jovens e talentosos compositores. Milton Nascimento, João Bosco, Zé Rodrix e Belchior (dentre tantos) devem muito à “Pimentinha”, como era conhecida a irrequieta Elis.
DO CIRCO PARA O DISCO
O álbum, que é brilhante até no nome, nasceu do sucesso de um espetáculo que teve mais de 1.200 apresentações entre 1975 e 1977. Chamado de “Falso Brilhante”, o show contava histórias da vida e da carreira de Elis Regina, usando uma ambientação circense.
Com o sucesso de “Falso Brilhante”, o show, Elis selecionou algumas músicas para a gravação de “Falso Brilhante, o disco de estúdio.
Um álbum perfeito que ainda conta com arranjos de César Camargo Mariano, na época marido de Elis.
Podemos comprovar a versatilidade de Elis Regina nesse álbum em que, além dos rocks e da MPB, ela interpreta com emoção a música Los Hermanos do argentino Atahualpa Yupanqui e Gracias a La Vida da chilena Violeta Parra, ambas de forte cunho social e humano, isso em uma época de ditadura militar no país.
E, para emocionar meus pais, fazendo-os lembrar da juventude, uma versão em português para um ícone do cancioneiro francês: Fascinação, que foi gravada por dezenas de artistas (entre eles Nat King Cole). Como vocês podem ver um disco para integrar diferentes gerações.
FAIXAS
Lado 1
1) Como Nossos Pais (Belchior)
2) Velha Roupa Colorida (Belchior)
3) Los Hermanos (Atahualpa Yupanqui)
4) Um Por Todos (João Bosco, Aldir Blanc)
5) Fascinação (F. D. Marchetti, Maurice de Féraudy – versão: Armando Louzada )
Lado 2
1) Jardins de Infância (João Bosco, Aldir Blanc)
2) Quero (Thomas Roth)
3) Gracias a La Vida (Violeta Parra)
4) O Cavaleiro e os Moinhos (João Bosco, Aldir Blanc)
5) Tatuagem (Chico Buarque, Ruy Guerra)
MÚSICAS
A Elis valorizava as músicas,valorizando por tabela os compositores.Muito do que ela gravou ganhou status de clássico por conta de sua musicalidade e voz únicas.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Natan Marques foi o guitarrista de Elis por muito tempo. Ao contrário de Hélio Delmiro e sua atmosfera jazzistica, Natan usava e abusava de efeitos na guitarra, como o fuzz, flanger e chorus. Na verdade, antes de eu conhecer os grandes nomes do rock, foi Natan Marques que me chamou a atenção pra guitarra. E ele tem esse mérito em “Falso Brilhante”
CurtirCurtido por 1 pessoa
Não me lembrava de já ter passado por aqui.Eu gostaria de salientar que em 1971 a Elis gravou um álbum bem pop-rock.Em ”Cinema Olympia” e ”Golden Slumbers” a cantora mostrou como se canta rock,e até uma música do Tom Jobim e Dolores Duran ganhou roupagem roqueira e ficou linda.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Bem lembrado!
CurtirCurtido por 1 pessoa