Disco Nota 11: “Mamonas Assassinas” – Mamonas Assassinas

Paulo Fernandes

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A UTOPIA DO “COUVER”

Apenas 7 meses durou a carreira dos Mamonas Assassinas, de julho de 1995 a março de 1996. Tempo suficiente para deixarem seu nome eternizado na história da música brasileira. É bom lembrar que antes de se tornarem um fenômeno cultural, infelizmente efêmero, os rapazes batalhavam desde 1990, fazendo rock sério (seja lá o que isto for!) e versões (“couvers e alfacers”, como disse Dinho) de bandas famosas, isso com o nome de Utopia.

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No seu curto período de vida o grupo se tornou quase uma unanimidade no Brasil, amado por crianças e adultos, gente de todas as classes sociais, roqueiros ou não. Eles eram onipresentes na TV aberta e nas festas de todos os matizes. Em nossa festa familiar de fim de ano em 1995, o primeiro e único disco dos Mamonas não saía da vitrola.

MAMONAS ASSASSINAS DO ESPAÇO

Quando a turma do Utopia (Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel Reoli e Sérgio Reoli) percebeu que suas paródias musicais, aliadas às palhaçadas do vocalista Dinho no palco, faziam mais sucesso do que sua música séria, resolveram dar uma guinada geral na carreira, a começar pelo nome: agora se chamariam Mamonas Assassinas do Espaço (o “do Espaço” logo foi para o espaço).

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Com a sorte de terem suas músicas Pelados em Santos, Robocop Gay e Jumento Celestino aceitas por uma grande gravadora (por mérito também de um amigo que tinha grande influência junto a essa empresa) conseguiram gravar o álbum “Mamonas Assassinas” e logo conquistaram em cheio o público. Seguiram-se turnês, em várias cidades brasileiras, quase todos os dias da semana e por vezes com 2 shows no mesmo dia.

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Seguiram nesse ritmo frenético de apresentações até o fatídico dia 2 de março de 1996, quando aconteceu o acidente aéreo no qual morreram todos os integrantes da banda.

OBRA-PRIMA DO ESCRACHO

Desde o trágico fim dos Mamonas, especula-se se eles conseguiriam manter a qualidade apresentada em seu único álbum, se teriam fôlego para continuar naquela espiral crescente de deboche e encantamento. Impossível saber. Existem vários exemplos de músicos que partiram jovens e que, pensamos nós, ainda teriam muito a dizer, mas isso não aconteceu e nos restam os mitos e as especulações.

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Falemos do disco, aliás, meu primeiro exemplar ficou com a minha filha Carolina (que também queria seguir a sugestão de recortar na linha pontilhada e estragar o encarte).

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A verdade (será verdade?) sobre a música dos Mamonas é que ela atira em várias direções e acerta em todas. A mistura sem preconceitos, como fizeram antes os tropicalistas e Raul Seixas (com outro grau de humor, é certo), de rock com ritmos regionais brasileiros está no tempero certo para agradar a gregos e goianos. E suas letras para lá de escrachadas são a cereja desse divertido e eficiente bolo. Não podemos esquecer que, após vários anos de estrada, eles eram também bons instrumentistas.

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AS FAIXAS E SUAS HOMENAGENS

A lista de “homenageados” (explicitamente ou não) nas paródias, citações e gozações presentes nas 14 faixas do álbum é imensa. Para ficarmos apenas no universo musical, vou fazer aqui uma lista, por faixa, que talvez não esteja completa, mas…:

1) 1406 (Dinho / Júlio Rasec)
Funk-Rap-Rock
Red Hot Chili Peppers

2) Vira-Vira (Dinho / Júlio Rasec)
O ritmo português Vira;
Roberto Leal;
Secos & Molhados.

3) Pelados em Santos (Dinho)
Música “brega”;
Música latina.

4) Chopis Centis (Dinho / Júlio Rasec)
The Clash (Should I Stay or Should I Go).

5) Jumento Celestino (Bento Hinoto / Dinho)
Forró;
Genival Lacerda (De Quem É esse Jegue).

6) Sabão Crá-Crá (The Mad Ku-Ku) (Folclore Popular / Marvin Hatley)
Paródia da música The Mad Ku-Ku.

7) Uma Arlinda Mulher (Bento Hinoto / Dinho)
Belchior;
Radiohead (Fake Plastic Trees e Creep).

 

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8) Cabeça de Bagre II (Bento Hinoto / Dinho / Júlio Rasec / Samuel Reoli / Sérgio Reoli)
Titãs;
Henry Mancini (Baby Elephant Walk).

9) Mundo Animal (Dinho)
Música “brega”;
Falcão.

10) Robocop Gay (Dinho / Júlio Rasec)
Gretchen.

11) Bois Don’t Cry (Dinho)
The Cure;
Música sertaneja;
Rush (Tom Sawyer);
Dream Theater (The Mirror).

12) Débil Metal (Dinho / Bento Hinoto / Júlio Rasec / Samuel Reoli / Sérgio Reoli)
Heavy Metal.

13) Sábado de Sol (Felipe / Pedro / Rafael)
Música do grupo Baba Cósmica.

14) Lá Vem O Alemão (Dinho / Júlio Rasec)
Pagode;
Cravo Canela;
Raça Negra;
Negritude Júnior.

MÚSICAS

Clique na imagem para ouvir e ver:

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Um comentário sobre “Disco Nota 11: “Mamonas Assassinas” – Mamonas Assassinas

  1. Obrigado. “VOCÊS FORAM A COISA MAIS IMPORTANTE QUE ACONTECEU NESTE MOMENTO, EM TODA A MINHA VIDA”. Disco que embalou as festas do pré-primário de meu filho BRUNO(07/02/1992), em Goiânia, onde aprendeu a cantar SABÃO CRA-CRA, junto com os coleguinhas de 04 anos de idade. BONS E SAUDOSOS TEMPOS

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