Paulo Fernandes
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PÓS-PUNK
O Punk promoveu uma volta ao rock básico, contrapondo-se aos exageros megalomaníacos que tomaram conta do rock em meados da década de 1970.
Destruir para construir. A tempestade se acalmou e deixou um terreno fértil onde diversos novos gêneros floresceram naquele final dos 70 e início dos 80: New Wave, New Romantic, New Heavy, Dark, Gótico, Glam Metal e por aí vai. Essa mania de batizar gêneros dentro do rock não é uma característica só dos tempos atuais.
Dentro desse emaranhado de estilos musicais aparece algo que foi batizado como Pós-Punk, fenômeno tipicamente inglês, cuja proposição era manter a estrutura básica do Punk original e em cima dela fazer experimentações musicais numa “alternativa” (seria o berço do chamado Rock Alternativo?) aos caminhos fáceis, por vezes muito divertidos, e comerciais adotados pela New Wave.
Nessa mesma época começam a proliferar na Inglaterra as gravadoras independentes, alternativas para que as novas bandas pudessem divulgar seus trabalhos sem a necessidade de submeter-se ao pesado esquema comercial das grandes empresas fonográficas.
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ECHO & THE BUNNYMEN
Liverpool 1978, três rapazes (não são John, Paul e George) montaram uma grupo de rock sem baterista. Ian McCulloch, Will Sergeant, Les Pattison e uma bateria eletrônica apelidada de “Echo”. Em 1979 assinaram contrato com a gravadora independente Korova e, finalmente, a banda pôde contar com um baterista de verdade: Pete de Freitas. Os grupos prediletos dessa turma podem dar uma pista do tipo de som que eles faziam, e continuam a fazer: Doors, Beatles e Velvet Underground.
Em 1980 gravaram o primeiro álbum, “Crocodiles”, sucesso de crítica e de público na Inglaterra. “Heaven Up Here” de 1981 mantém o interesse e ajuda a criar a aura de “cult”. A música era ao mesmo tempo raivosa, herança do Punk, melancólica, releitura de Doors e Velvet Underground, sem abandonar a influência melódica de seus conterrâneos famosos.
Com seu terceiro álbum “Porcupine” conquistaram os EUA, e o mundo. As faixas The Cutter e The Back of Love alcançam boas posições nas paradas do Reino Unido e dos Estados Unidos. Se não me engano foi o primeiro LP da banda a ser lançado no Brasil.
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CHUVA OCEÂNICA
A tendência reducionista de certa parte da crítica chamou, à época, o quarto álbum do E&B, “Ocean Rain”, de Doors com orquestra. Tal elogio não é pouca coisa, mas também o disco não é só isso. Os Doors jamais vestiram sua rebeldia/melancolia com melodias tão bonitas, amparadas por arranjos luxuosos de orquestra de câmara.
Esse disco é tremendamente marcante no meu passado, meu presente e meu futuro. The Killing Moon conquistou pelo menos um coração feminino ao servir de trilha sonora (em fita cassete) para passeios de carro. É uma das músicas que eu mais amo, dentre todas que conheço, e não só do Echo. Silver e Seven Seas são as mais alegrinhas do disco e serviam até para dançar nas saudosas festas dos anos 1980. Nocturnal Me é uma balada sombria e bela.
Entre doses equilibradas de rock e melancolia o disco é uma experiência encantadora desde a primeira audição. Para encerrar temos uma homenagem aos Doors de The End com a épica faixa-título Ocean Rain.
Outro elemento que merece citação é a fotografia da capa, clicada na Gruta Azul da Ilha de Capri. Belas paisagens, aliás, aparecem nas capas dos discos anteriores: geleiras da Islândia em “Porcupine”, uma praia do País de Gales em “Heaven Up Here”, um bosque inglês em “Crocodiles”.
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FAIXAS
Todas as faixas compostas por Sergeant, McCulloch, Pattinson e de Freitas.
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Lado A
- Silve
- Nocturnal Me
- Crystal Days
- The Yo Yo Man
- Thorn of Crowns
Lado B
- The Killing Moon
- Seven Seas
- My Kingdom
- Ocean Rain
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CURIOSIDADES
Na re-edição de 2003 há uma versão ao vivo para All You Need Is Love, dos Beatles, como faixa-bônus.
A música The Killing Moon faz parte da trilha sonora do filme “Donnie Darko” (filme da lista de preferidos do Fábio).
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MÚSICAS
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Ouça o álbum completo:
Meu irmão comprou ocean rain e porcupine em 2007,tenho vontade de surrupia-los até hoje.Até a vitrola estragar devo ter ouvido mais que ele.Os arranjos sinfônicos desse disco são de encher os ouvidos,mesmo. Você lembrou dos The Doors,que gravaram com instrumentistas de orquestra,incompleta o Soft Parade, mas não em todas as faixas. Echo também tem uma releitura muito boa de People are Strange. Usaram no filme Garotos Perdidos .
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