Paulo Fernandes
.
A MORTE E A VIDA DO REI CARMIM
Outro dia estava folheando um livro chamado “Rock Espetacular” para escrever sobre o rock progressivo. Achei engraçado quando, além de todos os elogios tecidos ao grupo, chama de curta a carreira do King Crimson. O detalhe é que o livro é de 1977 e a banda havia se desfeito em 1974, após apenas seis anos de trabalho.
Mas, para nossa sorte, Robert Fripp, por influências mútuas com Talking Heads, Brian Eno e Laurie Anderson, reformulou o King Crimson em 1981 e continua até hoje a nos brindar sua música originalíssima, sempre mutante e em progresso (progressiva também!).
.
O REI SEM COROA
Robert Fripp diz que não se considera o líder do King Crimson, quem não o conhece e o vir em alguma apresentação do grupo poderá pensar isto. Ele fica discretamente num canto do palco, cercado de equipamentos que dão à sua guitarra um som peculiar e, pasmem, sentado durante quase todo o tempo!
A verdade é que se não fosse por Robert Fripp o King Crimson não existiria. Um homem que muitos consideram antipático, mas que é um guitarrista único, graças à sua técnica sempre inovadora e à parafernália de equipamentos que ele conecta à sua Gibson Les Paul. A junção da técnica de tocar combinada com os equipamentos utilizados foi batizada de Frippertronics.
Além disso, Fripp está sempre buscando novas sonoridades e direcionamentos musicais, talvez por isso a grande rotatividade de músicos na banda e a grande variedade de influências musicais, que fazem o King Crimson soar como várias bandas distintas ao longo do tempo.
.
NA CORTE DO REI CARMIM
O King Crimson nasceu em Londres, no ano de 1968. Em 1969 lançou seu primeiro álbum: “In The Court Of The Crimson King”.
O brilhante e movimentado reinado do King Crimson se iniciou de forma espetacular, com um estilo que poderia ser chamado de “progressivo sinfônico”, cujo melhor exemplo é a épica faixa-título, In the Court of Crimson King, que encerra o disco. Mas, o grupo já agregava também elementos de jazz (inclusive dando espaço a improvisações instrumentais, como em Moonchild), de folk e até com uma pegada hard rock, como na espetacular faixa de abertura; 21st Century Schizoid Man.
Para quem ainda não se convenceu a escutar esse disco, vou dar mais um argumento: o vocalista dessa primeira encarnação do King Crimson é simplesmente uma das vozes mais bonitas da história do rock: Greg Lake, que após curta passagem no Crimson, ajudaria a fundar outro grande marco do progressivo: o Emerson, Lake and Palmer. Uma demonstração da excelência vocal de Lake está na linda balada Epitaph, que fala sobre o destino.
Além de Robert Fripp (guitarra) e Greg Lake (vocais e baixo) a corte do Rei Carmim era completada por:
Ian Mcdonald: flauta, saxofone, vibrafone, clarineta, teclados e mellotron;
Michael Giles: baterria e percussão;
Peter Sinfield: letras.
A intrigante capa é a única pintura de Barry Goldber, que era programador de computadores e morreu pouco depois, em 1970. Segundo Fripp a figura externa é do Schizoid Man e a interna do Crimson King (o Sol?).
.
FAIXAS
Lado A
1) 21st Century Schizoid Man (Fripp/McDonald/Lake/Giles/Sinfield) incluindo Mirrors
2) I Talk to the Wind (McDonald/Sinfield)
3) Epitaph (Fripp/McDonald/Lake/Giles/Sinfield) incluindo March for no Reason e Tomorrow and Tomorrow
Lado B
1) Moonchild (Fripp/McDonald/Lake/Giles/Sinfield) incluindo The Dream e The Illusion
2) The Court of the Crimson King (McDonald/Sinfield) incluindo The Return of the Fire Witch e The Dance of the Puppets
.
MÚSICAS
Ouça o álbum completo (5 vídeos):
.
.
.
.