Kyuss e a Semente do Stoner Rock

Anna Raíssa

Kyuss

JOSH HOMME, O HOMEM DAS MIL BANDAS

Tá certo que Kyuss não foi a primeira banda de stoner — gênero profundamente influenciado pelo rock setentista, que teve início ali pelo fim da década de 1980 e início da década de 1990 —, mas foi com ela que Josh Homme (aquele que em tudo que põe a mão faz dar certo) fez com que esse período da história do rock não fosse marcado somente pelo grunge e fez do gênero muito mais que um desconhecido rock do deserto.

Queens.Of.The.Stone.Age

Embrião de bandas como Queens of the Stone Age, Ché e Mondo Generator, o Kyuss ainda se desdobra em outras, como o Eagles of Death Metal. Marcado por um som pesado de guitarras, o grupo fez discos memoráveis em menos de dez anos de existência, e turnês longuíssimas tidas como fator de desentendimento entre os integrantes. “Blues for the Red Sun” e “Welcome to the Sky Valley” devem ser parte de qualquer discografia (ou pasta de download) que se preze.

Eagles of Death Metal

Para não me desdobrar em comentários desnecessários acerca de cada lançamento do Kyuss ou de stoner, ficam como dica, além dos discos já citados: “Peace, Love, Death Metal”, do Eagles of D. M.; “Songs for the Deaf”, do Queens; e qualquer dos dez (DEZ) volumes da série coletiva “The Desert Sessions” são prazeres garantidos para os ouvidos mais educados em rock and roll.

De volta sem Josh Homme e como Kyuss Lives!, a banda tem feito excursões pela Europa e tocou, em 2012, em Brasília, no Porão do Rock.

KYUSS LIVES! E RED FANG NO PORÃO DO ROCK EM BRASÍLIA

Nos dias 7 e 8 de setembro de 2012 aconteceu em Brasília a 15ª edição do Festival Porão do Rock. Entre várias atrações (nacionais, internacionais, da cena de Brasília e outros arrasta-público, como Sepultura e Raimundos), estavam Kyuss Lives! e Red Fang.

Esta última, criada em 2005, é uma banda competente formada por músicos experientes e com dois discos formidáveis. O show, como de se esperar, não deixou por menos. Apesar do público reduzido — não se sabe se devido ao feriado ou ao fato da roqueirada estar com novos hábitos de sono e ter ido pra casa mais cedo (o show começou por volta das 3h da manhã) — foram 1h30 de músicas excelentes!

Red Fang

A produção foi muito boa (o que não é uma constante do Festival) e não houve contratempos. Aaron, baixista e vocal, até arriscou um “feliz feriado de independência” em um português bem treinadinho (norte-americano adora um feriado de independência). Foi um daqueles shows de onde você sai com as músicas na cabeça e chega em casa correndo pra ouvir o disco.

John Garcia (ex-QotSA) começou a apresentar o Garcia Plays Kyuss em 2010, fez o Kyuss Lives! devido ao sucesso do Garcia Plays…, entrou em estúdio em 2011 pra gravar um disco e tomou um processo de Homme por “uso indevido” do nome da banda (pqp, Josh Homme), que continua a se apresentar como Kyuss Lives! mas não pode gravar nada inédito.

Azar de Josh Homme. A banda tá do caralho, os novos integrantes casaram direitinho com o estilo da banda e a voz de Garcia, com uma pegada mais pro hard rock, te faz ficar prestando atenção no que mudou e no que melhorou nas versões das músicas. Com solos longuíssimos de bateria, o público acompanhou todas as músicas (o que pode não ser nem algo bom. Eu, por exemplo, não suporto ir a show e ouvir o cara do lado cantando) e se empolgou com cada uma. Ao contrário de Garcia, que entrou e saiu com cara de quem tava lá cumprindo obrigação, mas com certeza fez dessa edição do Porão uma daquelas memoráveis.