DE BREGA A CULT
Com suas letras diretas e melodias simples e eficientes, o goiano Odair José foi um campeão de vendas de discos na década de 70. Desprezado pela crítica, mas idolatrado pelo povo que se identificava com suas canções que falavam sobre amor, sexo e temas sociais, bastante ousadia para aquela época.
Odair emplacou vários sucessos com sua música popular romântica, depreciativamente nominada brega! Uma Vida Só (do refrão “pare de tomar a pílula”), Deixa Essa Vergonha de Lado, Eu Vou Tirar Você deste Lugar, Cadê Você, Essa Noite Você Vai Ter que Ser Minha dominavam as rádios populares enquanto eram solenemente ignoradas pelas emissoras chiques.
Por falar sem firulas ao brasileiro das camadas sociais mais baixas, Odair acabou se tornando alvo da censura institucionalizada pela Ditadura Militar. Além do perigo de seu forte apelo popular, a censura enxergava mensagens políticas subliminares nas letras do compositor.
Com o passar dos anos, pudemos acompanhar uma mudança gradativa na percepção da obra de Odair, ao ser valorizado por grandes figuras da MPB – Caetano Veloso, Zeca Baleiro, Chico César, Arnaldo Antunes – vimos o ídolo brega se tornar cult.
ROCK E POLÍTICA
A música de Odair José desde o início já continha elementos de rock, country e blues, porém nos seus álbuns lançados nesta década de 2010 o rock está mais presente e destacado.
Tive uma grata surpresa ao ouvir seu último álbum: “Hibernar Na Casa Das Moças Ouvindo Rádio”, lançado neste 2019 e constatar que musicalmente se trata de um disco de rock. Claro que não estamos diante de uma obra de sonoridade revolucionária, mas é muito bom de se ouvir e, se antes estava disfarçada, a temática política agora está escancarada.
Os temas de cunho sexual também se fazem presentes em faixas como Fetiche e Gang-Bang, porém é o protesto e a indignação com a situação do Brasil, destes tempos de retrocesso, que nos salta aos ouvidos nas novas canções:
Sobre a necropolítica do atual (des)governo:
“O assunto agora é a cultura da bala/ na falta de argumento a solução é uma vala/ alguém mergulhou nas contas do pré-sal/ não deu praia, se deu mal.” (Chumbo Grosso)
Sobre a alienação eletrônica das pessoas e as fake news:
“Quanto mais eu ouço, mais eu fico surdo/ muita informação pra pouco conteúdo/ quem fica na rede sempre sabe tudo/ e é nessa hora que eu fico mudo…” (Fora de Tela)
O disco é narrado pelo VJ Thunderbird, que o pontua com vinhetas como: “Este disco é indicado para estupidez coletiva. Se persistirem os sintomas, procure um psiquiatra“.
Parabéns ao Odair José que aos 70 anos reafirma sua coragem e sua eterna sinceridade!
MÚSICAS
Ouça o álbum completo:
e viva Morrinhos!!!
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mauro.pastinha@hotmail.com
E.MAILS=2019-167 – 16/06-Domingo: 10:10
SE DEUS NOS PERMITIR, PAZ & BEM, A TODOS NÓS.
ODAIR JOSÉ – DO BREGA PARA O ROCK’N’ROLL
Via = R O C K O N T R O – Paulo Afonso Fernandes
Quem diria? O rei da Zona e das Domésticas totalmente adaptado
ao mundo do blues, rock’n’roll e outros batidões. Quer saber?
Ficou muito legal, só que vai continuar sem tocar nas rádios e TVs.
Nelas só a desgraceira dos sertanojos, funks, axés e outras merdas.
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Pra falar a verdade,Odair José nunca foi hit em zona,o baixo meretrício e os inferninhos da vida sempre preferiram as duplas sertanejas,estas sim,são cafonas até o osso.
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