Será que só os loucos são felizes? Raul Seixas dizia: “A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal“. Pois é exatamente o contraste entre a loucura e a “normalidade” que percorre toda a canção Balada do Louco, de 1972, dos Mutantes. Composta por Arnaldo Baptista e Rita Lee, a música também discute a banalidade dos valores distorcidos das pessoas, em que o “ter” se sobrepõe ao “ser”. Ela continua atual quase 50 anos depois, gosto muito quando fala “Se eles são famosos / Sou Napoleão“. Hoje parece ser mais importante o fútil “ser famoso” do que ser decente ou outra classificação mais nobre.

O álbum “Mutantes e seus Cometas no País do Baurets”, no qual está Balada do Louco.
A ironia da história é que, algum tempo depois, Arnaldo teve um surto psicótico do qual parece nunca ter se recuperado totalmente.
Dizem que sou louco
Por pensar assim
Se eu sou muito louco
Por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Não é feliz
Se eles são bonitos
Sou Alain Delon
Se eles são famosos
Sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Se eles têm três carros
Eu posso voar
Se eles rezam muito
Eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Sim, sou muito louco
Não vou me curar
Já não sou o único
Que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz!

Sérgio Dias, Rita Lee e Arnaldo Baptista, circa 1972.
Esta música é de 1972, porém ao longo da década de 1970, talvez pelo fim dos Mutantes, eu acabei por me desligar dela. Aconteceu, então, que no dia 31 de dezembro de 1979 por acaso eu estava a ouvir a a falecida Rádio Araguaia FM e, num programa de retrospectiva musical, estavam sendo tocadas músicas importantes de toda a década de 1970. Foi quando minha cabeça deu um estalo ao começar os acordes de piano da Balada do Louco. E o resgate foi feito, desta feita em definitivo.
MÚSICAS
Gravação do álbum “Baurets”:
Regração de Arnaldo Baptista no álbum “Singin’ Alone”:
Os Mutantes estão para o Brasil como Mamas and the Papas estão para os EUA.
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Pois ainda prevalece no Brasi a grande inversão de valores,onde o bandido é a vítima e os homens da lei tem que estar pisando em ovos 24h por dia.
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