A minha amizade com o Leandro começou na época em que ele namorou minha filha mais velha. Da troca de figurinhas sobre rock e música em geral, a nossa amizade continuou mesmo após o fim do namoro dos dois. Quero contar aqui dois episódios relacionados ao Leandro: O primeiro era o carinho que ele dispensava à minha mãe quando ela vinha de Vitória passar uns dias em minha casa. Ela tinha um sexto sentido para pessoas de bom coração e vivia me dizendo em referência ao Leandro: “Gosto muito desse menino. Ele é tão educado e me trata tão bem”, e olha que ela não era muito fácil de ser agradada. O outro fato é que ele se lembrou que eu havia lhe dito que não gostava de nenhum DVD do Pearl Jam, então há algum tempo ele teve a deferência de tirar uma cópia do “Immagine in Cornice” e deixar em minha casa. Excelente o DVD, e foi o ponto alto de um dos encontros do Rockontro.
Como você se apresentaria aos leitores?
Não presto pra esse negócio de apresentações, contudo, dentro do propósito desta entrevista, posso dizer que me tornei professor de filosofia e história em decorrência do modo como a música me afetou, especialmente no sentido de pensar a condição humana e as relações intermediadas por ela; canções me levaram para as leituras e elas rumo ao caminho da docência.

O espaço “vinílico” do Leandro
Quando você começou a colecionar discos?
Os discos chegaram na minha vida pelos meus irmãos! Tenho dois e são significativamente mais velhos que eu; então desde que me entendo por gente lembro de uma sala de som, a vitrola e nós três reunidos escutando, deitados no tapete. Ocorre que com o advento dos CDs eles acabaram deixando o vinil pra segundo plano e eu, ainda criança, segui o mesmo caminho. Mas alguns discos permaneceram lá guardadinhos, daí a coisa de uns dez anos ou um pouco mais, eu resolvi ativar o acervo; peguei os LPs dos meus pais, irmãos, meus, fui reiniciar a coleção e, desde então, não parei mais.
Qual foi o seu primeiro LP e quando foi?
Quando criança lembro que os discos lá em casa meio que eram de todos, então não sei dizer qual foi o primeiro, mas o que me vem a mente é o “Nevermind” do Nirvana; foi comprado bem no período de lançamento setembro/outubro de 1991, eu tinha cinco anos. kkk
Quais os gêneros musicais mais representados em sua coleção?
É bem diversificado, muito mesmo, de toda forma penso que a presença maior seja dos tropicalistas, rock progressivo, grunge e indie!

Cara de capa com o primeiro álbum de Bob Dylan
Qual o seu músico (banda) preferido?
Pearl Jam
Além do Pearl Jam, gostaria de citar outros? Quais?
A lista é longa, mas vamos lá: dos clássicos tenho uma predileção por Bob Dylan, The Who, The Doors, Beatles e Led Zeppelin. Minha formação musical, como disse, veio fortemente dos meus irmãos, então a matriz do meu apetite musical está nos anos 90, três bandas com sonoridades complemente diferentes conduzem meu cotidiano desde a infância, são grupos que pude acompanhar em todas as suas etapas, um eu já citei na pergunta anterior e os outros são Radiohead e Belle & Sebastian. Ali no início dos anos 2000 os Strokes me impactaram também, depois não me liguei mais na banda, mas o primeiro álbum ainda me salta aos olhos.
Você é de uma geração digital, por que a preferência pelo vinil?
Tenho 34 anos, mas no quesito das novas tecnologias, estou na idade da pedra. Sou muito mais afeito as coisas analógicas, sempre fui assim. Acho que isso se deu por crescer só com adultos em casa, então bebi mais da fonte de gerações anteriores a minha. Ainda hoje não compreendo ferramentas básicas que já comandam a vida de muita gente por aí. Inclusive, tenho sofrido bastante nesta era covideana ao ministrar aulas remotamente.
Quantos discos você tem?
Montei uma página chamada @lptododia e o objetivo era justamente o de catalogar meus discos! É um pouco de terapia também, já que retomo as audições dos discos e me ponho a escrever sobre eles. Ainda estou no processo, então não tenho condições de lhe precisar. Somando compactos, 78 rotações e os demais álbuns, devo ter algo em torno de mil. É uma coleção tímida ainda!

Gramofone para escutar os antigos 78 RPM
Tem preferência por itens novos ou usados?
Tive várias fases! Atualmente procuro os remasterizados e lacradinhos de preferência! rs
Como faz para adquirir seus discos?
De início garimpava no centro! Hoje compro pela internet, algumas lojas sugeridas até por você, a saber: “Locomotiva Discos”, “Prefiro Vinil”, “CdPoint”, “Vinil Records”, “Hip Hop Vinil”, “Polysom”, “Amazon”, “Mercado Livre” e, em alguns casos, no site do artista.
Como é organizada sua coleção?
Inicialmente organizava por gêneros musicais! Neste momento mantenho em ordem alfabética e só, dá menos trabalho e, como o acervo é relativamente pequeno, consigo achar tudo.
Você conseguiria relacionar os 11 discos que você mais gosta?
Caramba, difícil! Vou tentar:
“No Code” – Pearl Jam,
“Acabou Chorare” – Novos Baianos,
“Loki” – Arnaldo Baptista,
“Quadrophenia” – Who,
“American Pie” – Don McLean
“The Bends” – Radiohead,
“Is this It” – Strokes,
“Araça Azul” – Caetano Veloso,
“Revolver” – Beatles,
“Bob Dylan” – o primeiro do Bob Dylan e
“Led Zeppelin I” – Led Zeppelin.
Se você me perguntar semana que vem, aparecerei com outra lista, certamente!

“No Code”
Qual disco mais tem escutado nos últimos meses?
Nesse período de isolamento, venho comprando muito disco pela internet, então estou escutando os que chegam. Hoje, por exemplo, escutei o William Matheny. Já ouviu? É dessa linha de novos músicos que fazem um ”folk-rock”, bem legal, recomendo!
Para terminarmos, qual é coisa que mais lhe dá satisfação em colecionar discos?
A maior satisfação é a descoberta! Indo da curiosidade pela arte dos álbuns, passando pela experiência de ir ao sebo sem saber com o que vou voltar até no sentido de conhecer novos artistas em alguma audição despretensiosa. Acho que é isso! Curti a entrevista. Abraço, meu querido, se cuide!

“Ando Meio Desligado”
Interessante esse lance de colecionar vinil. Sempre quis fazer isso… Muito bom ver o entusiasmo do Leandro! Parabéns
CurtirCurtido por 1 pessoa
Parabéns ao entrevistado! 34 anos e relacionando Don McLean entre os preferidos. Alma antiga… rs
CurtirCurtido por 1 pessoa
Verdade!!!
CurtirCurtir
Adorei o gramofone, estou entre um desses e uma radiola (aquele móvel antigo), depois dessa acho que vou de gramofone. Parabéns Leandro!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Boa música não tem idade! O importante é o eco na alma!!
CurtirCurtido por 1 pessoa