O Vinil e A Cidade: Black Sabbath e Birmingham


A série O Vinil e a Cidade faz parte da disciplina Rockontro: Contextos musicais, Urbanos, Arquitetônicos e Culturais do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG ministrada pelo professor José Maurício de Sousa. Os alunos se propõem a fazer uma análise dos elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos presentes em uma capa de disco previamente escolhida.


Alunos: Ana Clara de Brito Silva / Kaíque F. Oliveira

Black Sabbath e a arquitetura do som: Como Birmingham moldou o nascimento do Heavy Metal

Black Sabbath, 1970 – Black Sabbath


Durante a década de 60, a Europa foi marcada pelo surgimento de diferentes gêneros musicais e artistas que até hoje estão marcados na história.

Em 1968 na cidade de Birmingham, o baterista Bill Ward e o guitarrista Tony Iommi viram o anúncio do vocalista Ozzy Osbourne sobre a formação de uma banda e resolveram dar uma chance ao projeto, por fim Geezer Butler também entrou também como guitarrista, mas acabou trocando o instrumento pelo baixo posteriormente. Nasceu, dessa maneira, o Black Sabbath. Sua sonoridade macabra que teve seu nome vindo de um filme de terror italiano com o mesmo nome. Assim, em 1970 o seu primeiro de vários álbuns foi lançado.

Black Sabbath, o álbum
Em 1970, a banda faz sua estreia com o seu álbum auto intitulado, onde é mostrada uma mulher misteriosa e macabra na frente de uma edificação. Na época, várias teorias corriam por trás dessa figura misteriosa, seria ela uma assombração ou algo do tipo? Somente décadas depois é que foi revelado pela revista Rolling Stone que se tratava da modelo Louisa Livingstone.

Capa de Black Sabbath, 1970.

A edificação também contribui para todo o horror que é transmitido pela capa, na qual ela parece abandonada, o que é reforçado pela mata alta que nos passa a impressão de que aquele local no geral estava abandonado, deixando tudo mais macabro.

Birmingham

A cidade de Birmingham na década de 1960.

A década de 1960 na Inglaterra foi bastante marcada no quesito musical pelo surgimento de grandes astros e grupos, como os Beatles em Liverpool e o Rolling Stones em Londres, que abriram caminho para uma a futura geração de músicos britânicos.

Entretanto, fora dos principais holofotes estava a cidade de Birmingham no centro-oeste inglês. Durante o começo da década de 1960 não foram revelados nomes estrondosos por lá como aconteceu em outras cidades inglesas, ainda sim, a cidade mantinha uma grande comunidade ativa e festivais locais. Gêneros como o jazz eram bem populares no local, nada muito fora do comum era visto, ao menos foi assim até o fim daquela década.

The Jerks, banda de Birmingham.

A linguagem musical do Black Sabbath
A música do Black Sabbath nasceu de um ambiente pesado. Birmingham era uma das regiões mais industrializadas da Inglaterra. O som das prensas, das fábricas e da reconstrução urbana depois da guerra fazia parte do dia a dia.

Um dos principais elementos do som da banda é a distorção. A guitarra de Tony Iommi tem um timbre grave, sujo e metálico. Parte disso é resultado do acidente que ele sofreu em uma fábrica, perdendo a ponta dos dedos. Para continuar tocando, ele afinou as cordas mais baixo. Isso criou um som mais pesado, que virou marca do heavy metal.

Tony Iommi e sua mão direita.

Para reforçar essa caracteristica da banda, são comumente usados os power chords. Esses acordes não têm muita variação, são secos e diretos, com a tônica e a quinta justa. Funcionam como blocos repetitivos, quase como o som das máquinas em linha de produção,. Isso aparece de forma clara na música “Paranoid“, que tem uma estrutura simples, mas intensa.

Capa do segundo álbum Paranoid, 1970.

A banda também usava muito o trítono. Esse intervalo era considerado dissonante na música clássica e proibido na igreja. No riff da canção “Black Sabbath” o trítono aparece logo no início, criando uma sensação de medo e tensão. É como se fosse a trilha sonora da própria cidade, cheia de ruínas e fumaça.

As músicas também têm andamentos arrastados. Isso dá a impressão de peso e desgaste. Parece o ritmo de uma cidade cansada, que trabalha demais. Em faixas como “Iron Man” ou “Children of the Grave”, o ritmo lembra uma máquina funcionando sem parar.


Mais conteúdo sobre Black Sabbath: Leia Aqui



Deixe um comentário