A Canção e A Cidade: “Wellcome to New York”, “Empire State of Mind” e “New York State of Mind” – A cidade que se ouve


A série A Canção e a Cidade faz parte da disciplina Rockontro: Contextos musicais, Urbanos, Arquitetônicos e Culturais do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG ministrada pelo professor José Maurício de Sousa. Os alunos se propõem a fazer uma análise de canções que dialogam com elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos.


Aluna: Thereza Rachel Marques Balestrin

Taylor Swift, Alicia Keys e Billy Joel: A Cidade que se Ouve


Há cidades que se veem. Outras, como Nova Iorque, se ouvem. Entre arranha-céus e sirenes, a metrópole constrói uma trilha sonora de si mesma, uma paisagem que mistura concreto e batida, pressa e poesia. Desde os anos 1970, artistas vêm tentando decifrar o som que pulsa entre as avenidas de Manhattan. Billy Joel, Jay-Z e Taylor Swift não apenas cantam sobre a cidade: eles a reconstroem em diferentes tempos, sob diferentes ambiências.

Em “New York State of Mind” (1976), Billy Joel compõe um retrato melancólico e íntimo de uma cidade que ainda respira fumaça e esperança. Ele escolhe ficar, e esse gesto é político. Joel canta a Nova Iorque do retorno, do sujeito que se encontra no cotidiano, nas ruas molhadas e no metrô cheio. Henri Lefebvre diria que aqui a cidade é vivida: não apenas concebida e percebida, mas praticada, atravessada pelo corpo e pela memória. O “estado de espírito nova-iorquino” de Joel é a tradução sonora da experiência urbana como produção do espaço afetivo.

Billy Joel em Nova Iorque.

Décadas depois, “Empire State of Mind” (2009) amplia a escala. O que era introspecção em Joel vira exaltação em Jay-Z e Alicia Keys. A cidade agora é palco, vitrine, mito global. A Nova Iorque do hip-hop é simultaneamente real e simbólica, feita de arranha-céus e aspirações, da rua e da fama. Walter Benjamin poderia enxergar aqui a cidade como mercadoria de experiência: o sujeito moderno se deslumbra com a multidão, mas também se dissolve nela. A voz de Alicia Keys ecoa como uma catedral de luz sobre o concreto, uma ambiência quase sagrada. Marc Augé chamaria de “não-lugar”: um espaço onde o pertencimento se dá pela emoção compartilhada, não pela permanência. “Empire State of Mind” é a Nova Iorque que todos reconhecem, mesmo sem nunca tê-la vivido.

Alicia Keys em Nova Iorque.

Já em “Welcome to New York” (2014), Taylor Swift chega à mesma cidade, mas a encontra como tela em branco. Sua Nova Iorque é luminosa, pop, quase utópica. Não há sujeira, há brilho. A promessa de recomeço que o pop sintetiza. Swift transforma o espaço urbano em ambiente de transformação pessoal, onde o anonimato é liberdade. É a Nova Iorque dos não-lugares da esperança: hotéis, metrôs, apartamentos temporários, todos convertidos em símbolos de autodescoberta.

Se Joel pertencia e Jay-Z conquistava, Swift recomeça. Sua cidade é a da ambiência efêmera, das luzes que piscam e desaparecem antes de fixar raízes.

Taylor Swift em Nova Iorque.

Essas três músicas revelam uma mesma Nova Iorque, mas em tempos diferentes de sensibilidade urbana. Joel: o abrigo do retorno, cidade íntima. Jay-Z e Alicia Keys: o espetáculo coletivo, cidade global. Swift: o recomeço individual, cidade simbólica.

No fundo, todas falam da mesma busca: tornar-se parte do espaço que nunca dorme. Nova Iorque é, ao mesmo tempo, lugar e não-lugar, cenário e personagem, sonho e ruído. E talvez seja essa a sua essência: uma metrópole que, enquanto muda, continua sendo o mesmo refrão.

Ao pensar na cidade, é possível imaginar diversos cenários: prédios, fábricas, avenidas movimentadas e até mesmo praias e montanhas. Esses cenários refletem os diferentes contextos urbanos que compõem a realidade contemporânea, seja no dia a dia, nas redes sociais, na televisão ou nos jornais.


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