Fábio Finotti
Em uma conversa informal, quiçá galhofeira, com meu amigo Alanzera, perguntávamos qual era o lado A (bons shows que assistimos), e o Lado B (shows que não nos agradou individualmente) de quase cinco anos de reuniões rockontrísticas.
E como disse Oscar Wilde “a arte é a forma mais intensa de individualismo que o mundo já conheceu”, pedi que todos os outros membros originais desta confraria listassem dois shows de cada “lado”, e relatasse em poucas palavras os porquês de cada escolha pessoal.
As regras para esta tarefa foram simples:
1) Dois shows Lado A, dois shows Lado B;
2) Excluir os shows que foram na própria residência (não faz sentido falar bem ou mal dos próprios shows que apresentou);
3) Não ficar chateado com as escolhas dos colegas.
A ideia não é falar mal desta ou daquela banda de rock, nem mesmo criticar os gostos pessoais de nossos colegas, mas sim conhecer o que motiva cada um a gostar deste gênero musical chamado Rock and Roll.
Vejamos abaixo a resposta de cada rockontreiro:
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Alanzera:
Lado A
1-Pink Floyd – Live 8
Quem conhece o Pink Floyd sabe que vinte e quatro minutos às vezes não são suficientes nem pra uma única música da banda. Porém, nessa tão esperada reunião ocorrida em 2005, com a formação original (algo que não ocorria desde 1981), o quarteto inglês consegue condensar todo a mítica em torno da banda em exatos 24 minutos, tocando os seus grandes sucessos e levando a multidão presente a um orgasmo sonoro!
2-Led Zeppelin – The Song Remains the Same
Esse filme mostra um concerto da banda gravado no Madison Square Garden em Nova Iorque, no ano de 1973. Além do show fodasticamente foda, mostrando a banda no seu auge, o filme ainda traz hilárias cenas de bastidores, como o episódio que mostra o empresário do Led, Peter Grant, brigando com os contratantes de um show.
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Lado B
1-Mars Volta – Nissan Live Sets
Puts… o que falar dessa banda? Um embolado de sons confusos e desconexos, um visual estranho, e uma mistura de letras em espanhol, inglês e sabe-se lá mais o quê. Ainda bem que a banda não mais existe!
2-Laurie Anderson – Home of The Brave
Quando vi o show altamente experimental da guria, pensei cá com os meus botões: diabéisso gente? Pelo menos a mina era gatinha… ou será que eu já estava bêbado?
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Fábio Finotti:
Lado A
1- Cream – Royal Albert Hall 2-3-5/2005
Foi o primeiro show daquilo que viria ser o Rockontro, que começou na casa do Alanzera. Um show irrepreensível, em que o Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker demonstram que em nada perderam o vigor da época que formaram este supergrupo;
2- Pink Floyd – PULSE
Pink Floyd dispensa qualquer comentário. Show sensacional!
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Lado B
1- Mumford & Sons – The Road to Red Rocks (ou Shepherd’s Bush)
Gosto é gosto, e eu particularmente não curti a banda. Sem me preocupar com as letras, pareceu-me que escutei várias horas da mesma música. Outra observação que faço é que a banda inglesa imita caipiras norte-americanos. Incoerente como índios africanos!
2- Coldplay – Live 2012
Show de rock com músicas com ritmo repetitivo, e a plateia usa pulseiras que mudam de cor conforme o mesmo ritmo repetitivo. Não, isto pode ser tudo, menos Rock.
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Fabio Lara:
Lado A
1- Beatles – Magical Mystery Tour
Aí sim, moleque bom. Chega-se no ponto alto. Ótimo grupo, boas sacadas e humor arrojado. Bem recordo foi na residência do mestre Paulo que apreciamos esta grande produção. Recordo sempre da cena da fotografia. Claro, a revelação do fotógrafo. Um anão com a fantasia de gorila;
2- The Wall – Live in Berlin / Roger Waters
Muito bom também. Quando comprei o álbum ouvia olhando as fotografias do encarte. Ficava pensando: Rapaz, está aqui uma grande produção. Os governantes da época pediam uma lição, e Roger Waters fez isso com classe e elegância. Bela obra: The Wall.
Foram muitas outras belas produções que assistimos!
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Lado B
1- Sonata Arctica
Acredito que Sonata Arctica, apesar das belas tomadas de cenas da imensidão ártica a produção deixa a desejar. Olha, produzir um vídeo musical no qual percebe-se a ausência dos componentes elétricos nos quais são essenciais para o funcionamento dos instrumentos musicais é pegar pesado com o bom apreciador de música. Quanto ao talento dos músicos e estilo me dispo de qualquer preconceito e não me atrevo a questionar. No entanto, vale ressaltar que o vacilo do diretor nos garantiu boas gargalhadas.
2- Mumford & Sons – The Road to Red Rocks
Agora, não sei se eu poderia correlacionar a minha opinião sobre ao The Road to Red Rocks do Mumford and Sons ao mal estar que fui acometido. A princípio senti confortável, pois vivendo na maior capital sertaneja do País senti em casa com o vestuário, acessórios e instrumentos dos componentes da banda. Pensei, nó! Os caras daqui a pouco vão pegar algum touro na unha! Daí percebi mesmo que era uma boy band. Olha, o pessoal anda dizendo que aquilo lá é folk. Oh! Não é folk não. Agora, dessa vez, me permito trajar do velho preconceito ou não para dizer que a falta de talento dos rapazes foi que nos garantiu boas risadas.
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Messias:
Lado A
1- The Raconteurs – Live at Montreaux 2008
Os caras mandam bem demais. Um show com uma musicalidade contagiante;
2- Rammstein – Live aus Berlin
Definitivamente eles botaram fogo no palco.
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Lado B
1- Yes – Live at Montreaux
Prefiro não comentar;
2- Epica
Não é que seja ruim, mas é hilário, já que estamos falando de música.
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Paulo:
Lado A
1- Cream – Royal Albert Hall 2-3-5/2005
Além do simbolismo de ter inaugurado as sensacionais reuniões rockontrísticas, é um show excelente da reunião de 3 músicos fora de série.
2- Mars Volta – Nissan Live Sets
Se eu já gostava do Mars Volta em estúdio ao ver essa performance arrasadora tive certeza que essa banda, que infelizmente não mais existe, é uma das melhores coisas aparecidas neste século.
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Lado B
1- Metallica – Français pour une Nuit
Não adianta mesmo, eu não consigo gostar de Metallica, não me emociona e nem me incomoda. Salvam-se as belas tomadas da arena romana de Nîmes.
2- Mumford & Sons – The Road to Red Rocks (ou Shepherd’s Bush)
Se eu tivesse escutado apenas 1 ou 2 músicas teria virado um fã, mas 2 shows, de 2 horas cada, onde essa banda toca a mesma música ad infinitum só foi palatável graças a galhofagem geral que se instaurou na sala de exibição.