The Jam e seus Afetos Sonoros

Paulo Fernandes

UM MOD NO REINO DO PROGRESSIVO

O rock progressivo e o rock pauleira (termo nacional setentista para o hard rock) dominavam a cena do rock britânico no inicio dos anos 70. Apesar disso, quatro garotos da região de Surrey, nas proximidades de Londres, que começaram a tocar juntos por volta de 1972, não queriam saber de nenhuma dessas duas tendências dominantes.

O Jam de Paul Weller (guitarra e vocal), Rick Buckler (bateria), Bruce Foxton (baixo e vocal) e Steve Brookes (guitarra) foi buscar sua inspiração em bandas sessentistas de mod rock, como Kinks, Small Faces e The Who, e também nos Beatles. Além das fontes primárias do mod: rhythm & blues, juntaram o ska jamaicano.

PEGANDO CARONA NO BONDE PUNK

Só conseguiram gravar seu primeiro LP em 1977, já como um trio após a saída de Brookes, e graças ao advento do movimento punk, que abriu espaço para uma infinidade de bandas que faziam uma música mais direta e sem firulas. Talvez por causa disso o Jam seja frequentemente associado ao punk.

O sucesso e o reconhecimento finalmente chegaram com o terceiro disco: “All Mod Cons”, de 1978, e mostrou que o Jam tinha personalidade e não era apenas mais um entre as centenas de grupos que surgiram naqueles tempos.

EVOLUÇÃO E SEPARAÇÃO

A música do Jam seguiu evoluindo e amadurecendo, e atingiu seu auge no trabalho mais ambicioso da banda: “Sound Affects” de 1980, seu quinto álbum, que filtra as já tradicionais influências passadas, principalmente Beatles de Revolver, e as combina com elementos contemporâneos, como Joy Division, Gang of Four e Michael Jackson.

Apesar do sucesso de seu último álbum, “The Gift”, de 1982, o grupo resolveu se separar. Paul Weller queria trilhar outros caminhos e experimentos, tanto que entre 1983 e 1989 esteve envolvido com o excelente Style Council – em parceria com o tecladista Mick Talbot – cuja proposta era misturar rock de vanguarda, jazz, r&b, eletrônica e até bossa-nova. Atualmente Weller segue uma consistente e interessante carreira solo.