Frank Zappa: Rei da Brincadeira e da Invenção

Paulo Fernandes

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O BAGUNCEIRO ARRUMADINHO

Creio que quem assiste a um show – agora só em vídeo – do Frank Zappa pela primeira vez deve pensar algo assim:

– Que anarquia! Que sujeito maluco! Que confusão!

Acontece que por trás da imagem de doidão existe um artista extremamente disciplinado e focado naquilo que planejou: chocar ou divertir a platéia ao oferecer a ela uma música que não deixa ninguém indiferente.

LIQUIDIFICADOR SONORO

Quando montou os Mothers (o “of Invention” foi acrescentado por pressão da gravadora) em 1966, Frank Zappa trouxe para a banda todas as suas preferências musicais: a música clássica do séc. XX (Stravinsky, Varèse, Stockhausen, etc.), o free-jazz, o blues, o rhythm & blues e o doo-wop (um rock & roll feito por grupos vocais dos anos 1950).

A mistura incluía ainda letras que satirizavam tudo à sua volta: a política, a classe média estadunidense, a polícia, a direita, a esquerda e os próprios artistas de rock. Tudo isso sem abrir mão do humor e do senso de organização, Zappa escrevia toda a música que compunha e a ensaiava à exaustão até ficar no ponto que desejava.

QUALIDADE E QUANTIDADE

Quando pensei em escrever algo sobre Frank Zappa na seção Discos Nota 11 me deparei com um problemão: como escolher algum (ou alguns) de uma discografia que possui mais de 60 lançamentos, e ainda por cima que fosse representativo da carreira desse artista genial?

Missão impossível, pois além da qualidade Zappa foi muito produtivo em seus menos de 30 anos de carreira musical. A palavra musical está frisada, pois além da música o cara se aventurou no cinema e no teatro.

Além disso, cada álbum lançado era sempre diferente do seu antecessor. Um disco solo podia suceder outro com os Mothers, um de jazz rock podia ser seguido por um de doo-wop, e assim por diante. Ele chegou até a gravar um álbum sem usar seu instrumento predileto: a guitarra elétrica.

O LEGADO DE ZAPPA

O rock perdeu muito de seu humor e inventividade em 1993, quando Frank Zappa morreu de câncer, aos 52 anos.

Se você não dispõe de muito tempo e não conhece nada de Zappa, nem sabe por onde começar, não se desespere! Existe uma coletânea muito boa que dá uma visão razoável de sua produção: “Strictly Commercial – The Best of Frank Zappa”.