José Maurício
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EU DEVERIA TER SIDO BAIXISTA
A primeira vez que ouvi “The Wall” foi em um Alfa Romeo conversível prata. Não estou delirando. Naqueles tempos difíceis, após as aulas, tomava o ônibus até o ponto final do Jardim Guanabara para pegar carona com quem aparecesse e tivesse boa vontade. Meu posto de caroneiro era onde hoje se encontra um viaduto que dá acesso ao Aldeia do Vale e a BR 153. Lá havia um posto da Polícia Rodoviária Federal e a Churrascaria Braseiro.

Capa interna do álbum “The Wall”
Em 1980 ouviam-se rumores de um disco novo do Pink Floyd lançado no final de 79, mas eu não tinha nem chegado ao “Animals” (ainda estava escutando “Wish You Were Here”). Vamos aos fatos: entro no Alfa Romeo e no toca fitas rolava “The Wall”, a fita cassete (dupla, importada e original). Meu motorista, depois fiquei sabendo, era psiquiatra e veio me explicando a paranoia por trás de cada música (ainda me lembro das explicações sobre Mother).
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O SHOW DE ROGER WATERS EM SÃO PAULO, 2012
Depois de relembrar dos meus tempos dentro de ônibus lotados por quarenta minutos (pegamos o 5119/10 na Brigadeiro Luís Antônio) chegamos ao Morumbi . Minha primeira visão foi (como não poderia deixar de ser) do conjunto de refletores muito bem posicionados acima das arquibancadas apoiado por dois pilares. Junto ao primeiro pilar notei um aeromodelo de tamanho razoável pendurado em um cabo de aço e camuflado por entre as luminárias. Veio então o comentário da Marcela sobre o arquiteto curitibano João Batista Vilanova Artigas autor do projeto do estádio.

Família floydiana
Ao passar pelo portão 4, tivemos acesso à pista. Daí em diante, só emoção! De arrepiar (literalmente). Conseguimos um lugar privilegiado (estávamos eu, Pedro, Marcela e Cida, no centro a três metros da pista prime e bem em frente à mesa de som) com visão completa do muro de 157x11m (não medi, mas foi o divulgado). Esperamos de 16h30 às 19h45 para ver o maior espetáculo da terra. Enquanto isso, admiramos um céu cinematográfico, com uma lua incrível e dois helicópteros (de verdade e um de cada vez) sobrevoando o estádio. Tudo parecia estar “combinado”.
O início foi empolgante: luzes, pirotecnia, avião descendo pelo cabo de aço e explodindo no palco, fogo (achei que podia ser maior) e principalmente som da mais pura qualidade. Parecia que o Morumbi era um grande headphone (conversávamos normalmente e ouvíamos tudo, todos os detalhes).

Marcela e o muro
Com um impecável trabalho de engenharia estrutural o muro foi sendo construído enquanto o álbum era executado na íntegra. Destaques para Another Brick in the Wall – Part I e Part II com um professor inflável da altura do muro, Mother (em que Waters cantou com áudio e vídeo dele mesmo de 1980) Confortably Numb (uma projeção espetacular “quebrando” o muro no início do solo final ao comando de Waters), Goodbye Blue Sky com aviões bombardeando símbolos religiosos (cruz, lua e estrela, estrela de seis pontas) e capitalistas (Shell, McDonald e Mercedes) e Nobody Home (cantada em uma “janela” aberta no mudo de onde saia um quarto com TV) e um porco inflável que passeou pelo público (não só na pista prime como alguns sites divulgaram, pois eu mesmo o segurei por alguns segundos). Destaque também para o sincronismo de The Trial até a queda do muro ao som de “Tear down the wall”. Vamos resumir, destaque para todo o show!
Como tudo aquilo saiu de uma cabeça? Coisa de gênio.
Ah, porque o título “deveria ser baixista”? Vi os baixistas das duas maiores bandas de rock: Paul McCartney (91/Maracanã e 93/Pacaembú) e Roger Waters (2002/Sambódromo RJ e 2012/Morumbí) além de Glenn Hughes do Deep Purple no Bolshoi (peguei até autógrafo em meu LP “Burn”). Cheguei a comprar um baixo Hofner (modelo violino igual ao do Paul), achando que com quatro cordas seria mais fácil aprender…
Grande Zé, imagino sua emoção nesse show. Eu que não sou roqueiro, ADORO o Pink Floyd. Sua emoção deve ter sido semelhante à minha, quando assisti ao show do RAPHAEL RABELLO e ARMANDINHO, com o pessoal do Clube do Choro de Brasília (Reco e Cia.), no Teatro Nacional!
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É isso aí, Rubis. A emoção não tem preço!
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mauro.pastinha@hotmail.com
E.MAILS=2016-146.2 — 29/DOMINGO = 05:52
DISCO NOTA 11 = ROGER WATERS.
– Via = Pessoal do ROCKONTRO
Obrigado pelo mimo. Dedico ao meu Filho/01=BETINHO, baixista
das Bandas = PESA NERVOS e MADRUGADA IDEAL.
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Pingback: O Show de Roger Waters em 2012 ou Deveria ter sido baixista – Patricia Finotti
Grande Mauro!
Não esquecer também que o Betinho foi o baixista do Riff Raff!!!
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