Por entre as fileiras do Milho Verde

Fileiras de milho verde com a Serra dos Pireneus ao fundo

Dedico este texto à amiga Dulcirene e ao seu esforço por manter a nossa turma unida

AS FILEIRAS DO MILHO VERDE E A MÚSICA DATADA

Nos tempos de faculdade, nas férias de final de ano, eu e meus amigos costumávamos nos encontrar para uma pamonhada na chácara Pipoca ou Boa Vista do Padre Souza (nomes retirados da escritura) no município de Pirenópolis às margens da BR-153.

Subir o morro com saco de linho para a quebra do milho e por entre as fileiras do milho verde colher a matéria prima da pamonha. Cortar o milho com facão, retirar a palha, ralar, temperar a massa, empalhar e cozinhar. Rituais regados à cerveja que acabava antes da pamonha ficar pronta. Como havia uma venda em frente à chácara era só atravessar a BR, que naqueles tempos tinha pouco movimento, para comprar mais cerveja. Íamos “de dois” pra trazer o engradado cheio. Bons tempos!!

Em janeiro deste ano, indo para Pirenópolis, eu notei, nas lavouras ao lado da rodovia, que o milho está sendo plantado sem aquele espaçamento que utilizávamos outrora.

Em busca do melhor aproveitamento da área, a distância entre as linhas do milho passou de 80 para 45cm. Já que agora é uma colheitadeira que faz o serviço e não precisa deixar espaço para colheita manual.

Isso me fez pensar na poesia de Belchior na canção “Galos, Noites e Quintais” e sua preocupação para que sua música não ficasse datada.  Parece que isso o persegue: em Paralelas ele troca “no Karmann Ghia” por “dentro do carro”, mas cita a luz (do vapor) de mercúrio (referindo-se à iluminação pública) que já passou pelo vapor de sódio e agora entra na era do LED.

Faltava essa, não existir mais fileiras de milho verde…

Coisas do “tempo negro”, ou, como disse o Martiniano, sou eu que amo o passado e que não vejo que o novo sempre vem. Afirmação esta baseada em uma frase da música “Como Nossos Pais”, também de Belchior, que no início eu entendia, e o Paulo Afonso também, a Elis Regina dizer “é você que é mal passado e que não vê…

Bônus:

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Um comentário sobre “Por entre as fileiras do Milho Verde

  1. Adorei lembrar do ritual da pamonha, sem precisar dos detalhes da apropriação indébita do milho..!
    Eu sou mal passada também! Grande abraço José Maurício!

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