O Vinil e a Cidade: Animals e Londres


A série O Vinil e a Cidade faz parte da disciplina Rockontro: Contextos musicais, Urbanos, Arquitetônicos e Culturais do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG ministrada pelo professor José Maurício de Sousa. Os alunos se propõem a fazer uma análise dos elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos presentes em uma capa de disco previamente escolhida.


Aluna: Melissa Alihana

Animals: conexão entre música, literatura e arquitetura

Animals, 1977 – Pink Floyd

A capa de Animals do Pink Floyd, assim como o próprio álbum, se inspira no livro de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”, que narra como os animais de uma fazenda se voltam contra os humanos criando seu próprio sistema político, e este se torna mais tirano que o dos próprios humanos.

A fotografia faz uma ligação entre os porcos, os principais “tiranos” do livro e a fábrica que representa o crescimento desenfreado de Londres e o consumismo, sendo assim uma crítica direta ao sistema capitalista.

A capa original de Animals

Como na maioria dos álbuns do Pink Floyd, a capa ficou a cargo da Hipgnosis. A primeira ideia que Storm Thorgerson e Aubrey Powell tiveram não foi a que conhecemos atualmente, eles entenderam, muito provavelmente, de forma equivocada o significado do título do álbum. Thorgerson conta no livro “For The Love of Vinyl” qual foi a ideia inicial:


“O que veio à mente foi uma criança, um menino de 3 ou 4 anos, acidentalmente presenciando seus pais fazendo sexo. Ele vê isso como um ato de amor e paixão ou algo violento? Isso o deixa animado, confuso ou o traumatiza? De repente, eles se tornam animais aos seus olhos, e não mais seus amados pais?

Após recusarem a proposta, os membros da banda foram desafiados a apresentar uma ideia melhor para a capa e foi assim que o baixista e vocalista Roger Waters sugeriu fotografar a usina termelétrica de Battersea, pela qual o músico passava com frequência enquanto pedalava, junto ao porco inflável flutuando no céu.

O que era para ter sido uma simples foto levou 3 dias para ser concluída com muita confusão no meio. No primeiro dia que foi agendado para as fotos serem tiradas, o porco de 12 metros, apelidado de Algie, não voou, foram tiradas ótimas fotos da usina, mas sem o porco, então eles decidiram voltar no dia seguinte.

Algie, o porco

No segundo dia é onde a confusão aconteceu. Desde o primeiro dia, Aubrey Powell, responsável pela foto, havia chamado um atirador de elite, que ficaria pronto para furar o porco caso ele se desprendesse do cabo que o prendia ao chão, no segundo dia, Powell se esqueceu do atirador. Algie voou, mas se desprendeu do cabo e flutuando por Londres e provocando caos no espaço aéreo londrino, fazendo com que voos fossem cancelados ou adiados no aeroporto de Heathrow. Algie chegou a atravessar a foz do Tâmisa, sendo encontrado em uma fazenda no condado de Kent, onde foi resgatado pela equipe.

No terceiro dia, tanto o atirador, quanto o porco estavam em seus lugares, preparados para a fotografia, mas surgiu outro problema, o tempo nublado que cria o tom sombrio da capa não estava presente, se abriu um raro dia ensolarado em Londres.

Não querendo voltar para um quarto dia, juntaram uma foto da usina tirada no primeiro dia com outra do porco produzida no terceiro dia, fazendo uma sobreposição das duas imagens.

A Usina Termelétrica de Battersea

Termelétrica Battersea

A Battersea Power Station foi projetada originalmente na década de 1930 pelo arquiteto inglês Sir Giles Gilbert Scott, a construção começou originalmente em 1929, mas o povo londrino odiou a construção, que foi construída em um local privilegiado na Central do Tâmisa, por isso o arquiteto foi contratado para redesenhar a fachada cheia de detalhes em Art Déco.

Interior revitalizado da usina

A estação foi fechada em 1983 e assim ficou até o ano de 2022, quando foi inaugurada a revitalização do edifício, comandada pelo escritório de arquitetura WilkinsonEyre. O projeto conta com apartamentos residenciais e villas localizadas dentro da estrutura existente da Central Elétrica, além de abranger três níveis de galerias especialmente projetadas, uma grande variedade de restaurantes, lojas e espaços para eventos e 6 andares de escritórios, sendo a maior parte ocupada pela Apple.

Animals (2018 Remix)

Capa da edição remixada de Animals

Em 2018, o álbum foi remixado por James Guthrie, adequando o som às novas tecnologias e chegou às lojas e streamings em 16 de outubro de 2022. Para o relançamento do álbum foi feita uma fotografia atual da estação, também por Aubrey Powell, que não conseguiu tirar a foto pelo mesmo ângulo devido a construção de novos prédios. Nessa nova versão, o porco foi inserido digitalmente.


Mais conteúdo sobre o álbum: Leia Aqui



Um comentário sobre “O Vinil e a Cidade: Animals e Londres

Deixe um comentário