O Vinil e A Cidade: Sonic Highways e oito cidades dos EUA


A série O Vinil e a Cidade faz parte da disciplina Rockontro: Contextos musicais, Urbanos, Arquitetônicos e Culturais do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG ministrada pelo professor José Maurício de Sousa. Os alunos se propõem a fazer uma análise dos elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos presentes em uma capa de disco previamente escolhida.


Aluno: Gustavo Henrique

Sonic Highways / estradas sônicas

Sonic Highways, 2014 – Foo Fighters

Em comemoração aos seus 20 anos, a banda Foo Fighters, dirigida por Dave Grohl, buscou registrar este marco com um novo disco, o oitavo deles, e de forma totalmente diferente dos anteriores. Essa escolha os levou a produzir um documentário que apresenta toda a trajetória de produção do disco Sonic Highways  em que a própria capa apresenta uma prévia de cada percurso, seja com monumentos históricos locais ou referências que lembrassem as cidades escolhidas. Com esse propósito o álbum os levou a vivenciar as oito cidades e extrair uma música para cada percurso que tiveram nelas.

Capa do disco com a divisão das áreas das oito cidades.

Das cidades que eles escolheram formar esse mapa musical, tiveram que decidir em qual parte da riqueza histórica local, seja musical, cultural, social ou política, que iriam explorar. Para isso, eles passaram uma semana em cada uma das cidades para poderem absorver a experiência e poderem transmiti-las musicalmente, se apropriando de estúdios, entrevistas, bandas, artistas e vários outros elementos para alcançarem o resultado desejado. Segue uma breve apresentação sobre alguns dos elementos em destaque que representa cada cidade e um pouco do que a banda buscou e experienciou em cada uma delas.


1) Something From Nothing (Algo que veio do nada) – Chicago.

    John Hancock Center – Chicago.

    John Hancock Center representando Chicago. Esse edifício foi o primeiro de uso misto do mundo, possuindo 100 andares e alcançando 380m de altura, já possuiu o título de mais alto do mundo quando finalizado em 1970.

    Nesta cidade, Dave faz duas abordagens, uma delas pessoal que volta a seu passado em que descobre o punk através de sua prima, e que nesse contato o fez fazer seu primeiro show de rock nos Naked Raygun. A escolha do estudo desta cidade também teve relação com sua história, já que o dono do estúdio Electrical Audio, Steve Albino, teve um contato importante com os Naked Raygun.


    2) The Feast and The Famine (O banquete e a fome) – Washington, D.C.

    Monumento a George Washington – Washington D.C.

    O monumento a Washington, foi construído em homenagem ao primeiro presidente dos EUA Georges Washington, possui forma de um obelisco com altura de 169 metros e foi inaugurado em 1888. Além do monumento podemos ver o espelho d’água e parte de um memorial, ambos dedicados a Lincoln.

    A escolha de Washington se deve a Dave ter crescido em Virginia e esta cidade ter sido onde ele iniciou sua carreira profissional como baterista. Neste episódio apesar de Dave tê-la escolhido por conta de sua história, ele também traz um destaque para a história local que o faz escolher o estúdio Inner Ear Studios.


    3) Congregation (Congregação) – Nashville

    Partenon – Nashville.

    O Partenon de Nashville é uma réplica em escala real do Partenon de Atenas na Grécia, que possui função de um museu de arte.

    Conhecida como a capital mundial do country, esse foi o terceiro destino e foco da banda, neste episódio é explorada sua extensão musical, incluindo músicos que fizeram sua história na cidade e os que precisaram se afastar dela. O estúdio escolhido foi o Zac, que antes chegou a ser uma igreja, sendo a escolha uma boa representação da cidade, por sua história também se ligar a questão religiosa da cidade.


    4) What Did I Do?/God as My Witness (O que eu fiz? Deus é minha testemunha) – Austin

    Frost Bank Tower – Austin.

    O Frost Bank Tower foi um dos edifícios que iniciou a disputa pelo título de mais alto do mundo, ele possui 33 andares e 157 metros, porém só chegou a ser o mais alto de Austin na época.

    Austin, quase que continuando a história de Nashville, trata-se de uma segunda opção à cidade do country, já que a cidade também possui forte presença da música country. Explorando a cultura local, o grupo foi levado a escolher o palco da TV Austin City Limits, por atrair vários músicos já que a qualidade de som era superior na época.


    5) Outside (Lado de Fora) – Los Angeles

    Hollywood – Los Angeles

    Hollywood dificilmente seria substituída. Este símbolo da indústria cinematográfica estampa Los Angeles juntamente com várias vias possivelmente simbolizando o grande percurso deste mapa musical.

    Este disco faz uma abordagem acerca do estúdio escolhido, Rancho de La Luna, e onde o guitarrista da banda Pat Smear cresceu. Neste episódio eles exploram a trajetória e importância do estúdio e o passado musical do guitarrista.


    6) In The Clear (Inocente) – Nova Orleans

    Caesar Superdome – Nova Orleans.

    O Caesar Superdone é um estádio de 180.000 m² que comporta 68.000 espectadores. Já foi palco de vários Super Bowl e serviu de refúgio para milhares de pessoas por conta do Furacão Katrina.

    Este episódio contém entrevistas com Dr. John e Allen Toussaint, conteúdos sobre o grupo funk The Meters e Jazz. Apesar da varidedade de assuntos, ainda tiveram tempo para falar sobre o salão do Preservation Hall, onde brancos e pretos estiveram juntos para tocar e apreciar jazz, que foi o local escolhido para gravarem.


    7) Subterranean (Subterrâneo) – Seattle

    Space Needle – Seattle.

    O Space Needle foi parte de uma feira mundial com o tem de “a era do espaço”, esta estrutura possui 183 metros e foi inaugurada em 21 de abril de 1962.

    O tema nesse episódio volta para um lado pessoal de Dave e para a história do grupo. Certa parte da exploração da cidade é dedicada ao próprio Dave, Sub Pop e Grunge, e ao Nirvana, sendo o estúdio Robert Lang Studios que acolheu a última gravação do Nirvana e também a primeira da banda Foo Fighters.


    8) I Am a River (Eu sou um rio) – Nova York

    Chrysler Building, One World Trade Center, Empire State Building e a Estátua da Liberdade – Nova York.

    Neste trecho da capa podemos ver quatro elementos principais que disputam destaque, o Chrysler Building, One World Trade Center, Empire State Building e a Estátua da Liberdade.

    O último episódio é cheio de entrevistas, entre elas a de Barack Obama que na época era presidente do EUA. Apesar das entrevistas tomarem mais cena neste último episódio, eles não deixaram de tratar da parte musical da cidade, mesmo por sua extensa história.


    9) A seção central da capa

    O número oito na seção central da capa intencionalmente se assemelha ao símbolo do infinito.

    Em todo o trajeto a banda encarou um imenso desafio ao desenvolver este disco. Toda a produção sendo feita em uma semana para cada música, por si só já é um desafio, mas conhecer o que cada cidade carregava consigo e trazer isso para cada composição torna este disco muito mais especial. Toda ideia que eles desenvolveram nesse disco esteve sintetizada na música, nas cidades, nos estúdios usados para suas produções, e na capa, que carrega todas essas rodovias sônicas, representando todas as cidades, apresentando e marcando de fato, um mapa musical na história dos Foo Fighters e do rock. Contudo, ainda é possível se aprofundar muito mais na história do disco e das cidades, seja pelos elementos secundários apresentados em cada trecho da capa, pelas referências usadas na música e muitas outras vias de exploração, presentes na história deste importante disco.



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