José Maurício
Para o segundo artigo sobre capas de disco, comentarei a capa mais parodiada da história (http://www.amiright.com/album-covers/). Do Red Hot Chili Peppers aos goianos Bitkids, todos queriam atravessar na faixa.
Uma foto tirada em oito de agosto de 1969 por Iain Stewart Macmillan em uma sessão de apenas dez minutos se tornou tão famosa que no dia 22 de dezembro de 2010 uma faixa de pedestre foi considerada patrimônio histórico inglês com status “grade II” dado apenas a obras arquitetônicas.
Era a quinta foto de uma seqüência de seis tomadas, escolhida pela sincronia dos passos de quatro caras atravessando uma rua de Londres, especificamente Abbey Road. Paul teve a ideia da foto e esboçou um rascunho enquanto explicava o que queria.
A importância dessa capa talvez possa ser medida pelo funcionamento de uma câmera instalada na posição contrária à da foto mostrando ao vivo o transito dos pedestres (http://www.abbeyroad.com/crossing). Você conhece alguma outra capa com esse status?
Nesta rua fica o estúdio de mesmo nome onde o ultimo disco gravado pelos Beatles (penúltimo lançado) teve essa capa. “Abbey Road”, o álbum, foi lançado em 26 de setembro de 1969 e traz na sua primeira música uma aula de mixagem no riff de Come Together: cordas, voz e bateria como se fosse apenas um instrumento. Um Disco Nota 11.
Interessante notar que o disco começa com todos juntos em um só som (Come Together), e termina em um solo de cada (The End). Como gostamos de buscar simbolismos nos discos dos Beatles! Alguns vêem em parte da letra de Come Together – “one and one and one is three” (um mais um mais um são três) – a prova que Paul estaria morto já que ele não era contado (John mais George mais Ringo são três). Quanta imaginação!
Essa capa é a que mais possui “pistas” da “morte” de Paul McCartney apresentando na foto seu sósia. Por pura diversão, vou enumerar algumas:
1. Paul está descalço como os mortos são enterrados;
2. Paul está com o passo trocado em relação aos outros três;
3. Paul segura seu cigarro com a mão direita enquanto o “verdadeiro” Paul é canhoto;
4. Paul está de olhos fechados;
5. Existe um carro funerário estacionado;
6. A placa do fusca (beetle) branco (LMW 28IF) significa Linda McCartney Widow (Linda McCartney viúva) e Paul teria 28 anos se (IF) estivesse vivo. Na realidade, a placa do carro era LMW 281F;
7. Os quatro Beatles na capa, representariam o funeral com John (o Padre, vestido de branco), Ringo (o responsável pelo funeral, em um terno preto), Paul (o cadáver, em um terno, mas descalço), e George (o coveiro, em jeans);
De fato, se Paul realmente morreu (isso teria ocorrido antes do lançamento de “Rubber Soul”) o sósia encontrado (supostamente um músico chamado Billy Shears, conforme as pistas em “Sgt. Pepper’s”) é tão ou mais talentoso que o original se avaliarmos sua obra antes e depois de sua “morte”.
Paul gostou tanto da brincadeira que em 1993, ao lançar seu disco ao vivo o chamou de “Paul Is Live” (Paul está vivo) parodiando a capa de Abbey Road.
Nessa nova foto McCartney acerta o passo e abre bem os olhos, está calçado e sem cigarro, mas segurando sua cachorra com a mão esquerda. Além de retirar o carro fúnebre da foto ele também mudou a placa do fusca para 50 IS (idade em que estava quando do lançamento do disco).
DETALHES
1. O desenho que ilustra o título dessa matéria foi feito pelo arquiteto (ex-aluno, afilhado e grande amigo de longa data) Hugo Nunes e ilustra também minha sala em um presente dado pelo casal de arquitetos Ludimila e Hugo. Ele faz parte da série Rocker’s Posters. Visite o site: http://studiozerosete.blogspot.com.br/2013/03/rockers-posters-series-5-beatles.html#pages/1.
2. O fusca encontra-se atualmente no museu da Volkswagen em Wolfsburg, Alemanha.
3. Eu tenho um fusca branco. O Bráulio também.
4. Em Calcutá, na Índia uma campanha para travessia na faixa de pedestres traz a capa de Abbey Road com os dizeres: If they can, why can’t you? (se eles podem, por que você não?).
5. “Abbey Road” foi o primeiro disco dos Beatles gravado em oito canais e Alan Parsons (o engenheiro de som de “Dark Side of the Moon”) foi assistente do engenheiro John Kurlander, produtor e diretor de som da trilogia “O Senhor Dos Anéis.”
HOMENAGENS E PARÓDIAS
Aqui estão alguns trabalhos, principalmente capas de discos, que homenageiam ou parodiam a capa de “Abbey Road”
A dimensão que a capa de “Abbey Road” ganhou foi a de fazer a associação imediata aos Beatles, assim como o prisma de “The Dark Side of the Moon” faz a ligação direta ao Pink Floyd. Coisas de gênios!!!
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Valeu, Paulo, quando for fazer algum comentário, doravante, só o farei aqui. Meu comentário que “sumiu” era parabenizando o Zé Maurício, pelo excelente artigo sobre as capas de discos. Ele está cada vez melhor em seus artigos. Era também para perguntar se o Bráulio por ele referido era o “nosso” Bráulio, dos “LITTLES” e, ainda, para dizer que aprendi a guiar em um fusca “PÉ-DE-BOI” (chamado SÓCRATES) e tive 3. O segundo foi o AGNALDO (verde escuro, que vendi para minha cunhada ELCI), Durante grande parte de minha vida fiquei com o terceiro, verde hippie (designação de cor da Volkswagen), ano 1973, que meu pai comprou 0 Km na CAVENA. Essa cor é a popular “vitamina de abacate” ou “orelhão”. Seu nome era HORÁCIO, em alusão ao personagem homônimo, do Maurício de Souza (dinossaurozinho). Fiz minha lua de mel nele, minha mulher e meus filhos aprenderam a guiar nele. Meu filhote estava nele no dia do fatídico acidente. Tenho guardados o manual de instrução, a nota fiscal e a duplicata de compra e venda mercantil, originais. Abraços prá vocês dois. Tenho lido, sempre, as matérias do ROCKONTRO!
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Grande Rubis.
O Bráulio a que me referi é um arquiteto e professor dono do blog do bráulio (http://www.blogdobraulio.com/)
que publicou a primeira matéria sobre capa de discos com o título de “o visual do vinil” (http://www.blogdobraulio.com/2013/02/o-visual-do-vinil-por-jose-mauricio.html) , também publicada no rockontro.
Grande abraço.
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Acho que foi George Martin que comentou num doc que vi, de que Paul McCartney vivia tão perto do estúdio da EMI ( Abbey Road ) que quando tinha uma ideia pra uma música ia correndo descalço mesmo se preciso fosse pra lá mostrar, ao contrário do John Lennon que morava nos arredores de Londres e precisava ir de táxi.
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