Paulo Fernandes
GLOBALIZAÇÃO NO CHACRINHA
Minha primeira noção de globalização, eu era um garoto despreocupado naqueles idos da década de 1970, foi quando me contaram a trajetória do músico Demis Roussos, que eu acabara de ver num programa vespertino do Chacrinha. Aquela figura rechonchuda e barbuda, vestida numa bata longa e com uma poderosa voz operística, era grego, nascido no Egito, cantava em inglês, morava na França e fazia um tremendo sucesso no Brasil. Nessa época ele já estava em carreira solo e com hits como We Shall Dance, My Reason e Forever and Ever.
Eu sabia que Demis Roussos havia participado de uma banda de rock chamada Aphrodite’s Child e até conhecia algumas músicas: Marie Jolie, Rain and Tears, Spring, Summer, Winter and Fall e It’s Five O’Clock graças aos discos coletâneas de sucessos que meu irmão tinha (e que ainda existem). O que eu não sabia é que havia um outro grande músico nessa Criança de Afrodite.
A primeira vez que ouvi falar de Vangelis Papathanassiou, foi quando ele ganhou o Oscar por sua trilha sonora para o filme “Carruagens de Fogo”, de 1981. Tecladista e compositor de estilo refinado, Vangelis se especializou em trilhas de sucesso para filmes como “Blade Runner” e “1492”. Posteriormente Vangelis fez uma parceria musical com Jon Anderson (vocalista do Yes) que rendeu belos frutos.
Só então fiquei sabendo que Vangelis e Demis Roussos haviam trabalhado juntos no grupo de rock progressivo (surpresa também!), o tal Aphrodite’s Child. Uma banda de rock grega, que diferente!
MAIS UMA HERANÇA GREGA PARA O MUNDO
Demis Roussos além de cantar se ocupava do baixo e da guitarra, Vangelis nos teclados e, completando o time, Loukas Sideras na bateria. O guitarrista Anargyros Koulouris também era membro do grupo, porém em função de outros compromissos não participou de todos os discos.
A intenção da banda era sair da Grécia e se estabelecer na Inglaterra, mas acabou por se fixar na França (o que explica a pronúncia consagrada do nome do vocalista: Demí Russô).
O Aphrodite’s Child durou de 1967 a 1972 e lançou apenas 3 álbuns: “End of the World” (1968), “It’s Five O’Clock” (1969) e o ambicioso e influente (embora menos conhecido) “666” (1972).
Eu diria que o brilhantismo vocal de Demis Roussos e a habilidade melódica de Vangelis são responsáveis por cativar até quem diz que não gosta de rock. Para os aficionados do rock progressivo é um verdadeiro presente (grego sem seu sentido figurado) apreciar as músicas “fáceis” dos dois primeiros álbuns e entrar nas catedrais sonoras do álbum “666”, um disco conceitual baseado no Livro do Apocalipse de João.
MÚSICAS
Clique na imagem para ouvir e ver:
Ele pode ter se consagrado com as trilhas sonoras holywoodianas mas nada supera as viagens adolescentes ao ouvir Marie Jolie, ou o desespero existêncial de “It’s five o’ clock” e Rain and Tears,”
CurtirCurtido por 1 pessoa