Paulo Fernandes
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A ESCOLINHA DO PROFESSOR MAYALL
John Mayall, cantor e multi-instrumentista inglês, é um dos pioneiros do blues na Inglaterra. Começou sua longa carreira, está em atividade até hoje, em meados da década de 1950, seguindo os passos daquele que é considerado o “Pai do Blues Britânico”: Alexis Korner.
Sempre cercado de excelentes músicos, talentos que quase sempre seguiram carreiras vitoriosas depois de passar pelos seus Bluesbreakers. A lista de “alunos’ que passaram pela “escolinha” de John Mayall, nestes mais de 50 anos de atividade, é imensa, listemos alguns: John McVie e Mick Fleetwood (fundadores do Fleetwood Mac”, Aysley Dunbar (baterista de vários projetos), Mick Taylor (guitarrista dos Rolling Stones de 1969 a 1974), Peter Green (guitarrista e co-fundador do Fleetwood Mac), Jack Bruce e Eric Clapton (membros fundadores do Cream).
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O “PROFESSOR” E “DEUS”
No início de 1965, Eric Clapton saiu dos Yardbirds em busca de um som mais orientado ao blues e se juntou aos Bluesbreakers de John Mayall. São desse período as famosas pichações nos muros londrinos: “Clapton Is God” (Clapton É Deus).
Foi essa combinação do “Professor” Mayall e “Deus” Clapton, mais John McVie (baixo) e Hughie Flint (bateria) que gravou, em 1966, um dos melhores, e mais importantes, discos de blues-rock da história: “Blues Breakers with Eric Clapton”.
Posso dizer que foi esse disco, juntamente com o primeiro do Led Zeppelin, que abriu a minha mente para o blues e despertou meu interesse em saber mais sobre o gênero.
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O ÁLBUM
Se Mayall era o “Professor” o álbum “Blues Breakers with Eric Clapton”, lançado em 1966, pode ser considerado o manual que seria seguido, dali para frente, por todos os músicos, ingleses ou não, que quisessem trilhar o caminho do blues eletrificado.
Um disco que transborda vitalidade com John Mayall comandando a banda em composições próprias ou em releituras de clássicos blueseiros. Hoje eu consigo perceber uma coloração jazzística na música dessa obra-prima.
Eric Clapton se mostra muito mais solto que na época dos Yardbyrds e no auge da forma. A sonoridade única de sua guitarra nesse disco nunca havia sido ouvida antes e nem seria ouvida depois, já que a cada novo projeto em que se envolvia ele mudava um pouco sua técnica. O disco registra a primeira gravação de Clapton como vocal solo em uma das faixas, descubra qual!
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FAIXAS
Lado 1
1. All Your Love(Willie Dixon, Otis Rush)
2. Hideaway (Freddie King, Sonny Thompson)
3. Little Girl (Mayall)
4. Another Man (Mayall)
5. Double Crossing Time (Clapton, Mayall)
6. What’d I Say (Ray Charles) c/ trecho de “Day Tripper” (Lennon, McCartney)
Lado 2
1. Key to Love (Mayall)
2. Parchman Farm (Mose Allison)
3. Have You Heard (Mayall)
4. Ramblin’ On My Mind (Robert Johnson)
5. Steppin’ Out (James Bracken)
6. It Ain’t Right (Walter Jacobs)
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MÚSICAS
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Ouça o álbum completo: