SOL DE PRIMAVERA
“Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos…” Assim começa Sol de Primavera, a primeira música do sétimo disco (contando com as participações) do mineiro de Montes Claros, Beto Guedes. Iniciei assim porque estamos em setembro, mas nosso assunto é o seu sexto e melhor disco: “Amor de Índio”, lançado em 1978.
Beto Guedes já havia participado de quatro discos (três LPs e um compacto simples) até lançar em 1977 “A Página do Relâmpago Elétrico” seu primeiro disco solo. Partindo desse princípio, este de 1978 seria seu segundo álbum.
Montes Claros situa-se no norte de Minas Gerais, ou como diria meu pai, nascido em Bocaiúva e criado em Montes Claros: “Norte de Minas e sul da Bahia” como se houvesse uma interseção dos dois estados gerando uma terceira região. Essa peculiaridade da terra natal de Alberto de Castro Guedes, somado ao fato de ser filho de baianos traz à sua música uma poesia simples e pura do interior do Brasil, talvez a expressão mais genuína de nossa terra.
SABOR DE PEQUI
Totalmente influenciado pelos Beatles, seu LP trazia no selo (e na capa) ao invés de uma maçã, um pequi (isso mesmo, o nosso pequi de Goiás, que também é famoso em Montes Claros, aliás, veio de lá o primeiro pequi em conserva que conheci).
A faixa título (obra prima de Ronado Bastos e Beto Guedes) que abre esse LP é um hino à vida (“… todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo…”), com certeza o maior clássico da carreira do compositor. Eu estava cursando o primeiro ano de engenharia e enquanto meus amigos “viviam”, eu apenas estudava. Busquei no verso “abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou” forças pra continuar fazendo meu mel enquanto os outros voavam. Verso simples e profundo. Amor de Índio canta o que há de mais primitivo e puro no interior.

Wagner Tiso, Beto Guedes e Milton Nascimento
Ainda dessa parceria veio Gabriel, homenagem ao seu primeiro filho nascido em abril de 78. A parceria de Milton Nascimento e Márcio Borges em Novena também é destaque. Márcio Borges ainda aparece no disco em parceria com Beto na música Só Primavera: pura poesia (… só porque um vento chamado paixão nos prometeu ainda ser furacão/ derrubar, construir e decifrar segredos da terra…). Ainda no lado A temos Findo Amor de Tavinho Moura e Murilo Antunes.
Feira Moderna (outro grande hit do álbum, regravado pelos Paralamas do Sucesso e Roupa Nova) abre o lado B. Segue Luz e Mistério, parceria de Beto com Caetano Veloso. Temos ainda O Medo de Amar é o Medo de Ser Livre, outra parceria, agora com Fernando Brant e Era Menino, mais poesia do interior composta por Tavinho Moura, Beto Guedes e Murilo Antunes.

Beto, Milton e Lô Borges em Niterói
A última música deste disco, – bem como no anterior “Página do Relâmpago Elétrico” – é uma composição do pai de Beto, Godofredo Guedes. Cantar fecha o disco como foi aberto, poesia do interior de Minas e Bahia: “Cantar quase sempre nos faz recordar sem querer um beijo, um sorriso ou uma outra ventura qualquer. Cantando aos acordes do meu violão é que mando depressa ir-se embora a saudade que mora no meu coração”. Cantar não é isso? Às vezes, ouvir também é!
FAIXAS
Lado A
1) Amor de Índio (Beto Guedes/Ronaldo Bastos)
2) Novena (Milton Nascimento/Márcio Borges)
3) Só Primavera (Beto Guedes/Márcio Borges)
4) Findo Amor (Tavinho Moura/Murilo Antunes)
5) Gabriel (Beto Guedes/Ronaldo Bastos)
Lado B
1) Feira Moderna (Fernando Brant/Beto Guedes/Lô Borges)
2) Luz e Mistério (Beto Guedes/Caetano Veloso)
3) O Medo de Amar é o Medo de Ser Livre (Beto Guedes/Fernando Brant)
4) Era Menino (Beto Guedes/Tavinho Moura/Murilo Antunes)
5) Cantar (Godofredo Guedes)
MÚSICAS
Ouça o álbum completo:
Falar de beto guedes e navegar por uma trilha de um letrista e musico de tamanha qualidade…beto guedes expressa em suas letras e cancoes algo que jamais sera visto de hoje sua perfeicao musical e extraordinaria e inapagavel…amor de indio,contos da lua vaga, maria solidaria, quando te vi, tanto, o relampago da pagina eletrica…sao inesqueciveis e eternas….
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Concordo.
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Amor de índio é a perfeição poética.
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Tenho procurado o nome dos músicos que tocaram com Beto Guedes, sobretudo na faixa Amor de Índio.
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Desculpe a demora.
Vamos lá, Alex:
baixo, guitarra solo e voz: Beto Guedes
guitarra: Toninho Horta
piano, órgão e arp.: Wagner Tiso
bateria: Roberto Silva.
Abçs.
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Obrigado.
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Ouvindo desde ontem o melhor álbum de Beto Guedes,muito bom o texto-resenha – Eu só não acho que a poesia do disco seja simples,eu acho complexa até demais,sei lá.
A complexidade permeia a obra do pessoal de Minas Gerais.
A maneira de Beto Guedes cantar é que deixa tudo parecendo simples,pode ser isso.
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