Podemos até não gostar da música axé baiana, mas não podemos jamais negar sua força e seu apelo popular. É só constatar que na Bahia, “só não vai atrás do trio elétrico quem já morreu”, pois os vivos estão todos “pulando que nem pipoca”.
Por falar em Caetano Veloso, este “antigo compositor baiano” disse certa vez que o carnaval baiano é “um exemplo de solução estética, de expressão do povo brasileiro, um exemplo de saúde criativa”.

O acrobático frevo pernambucano
As raízes do trio elétrico estão no frevo do Recife. Esse ritmo contagiante de passos elaborados emprestados da capoeira e misturados ao som dos dobrados das bandas de metais. Yeah!!! O frevo é heavy metal!!!
“E o frevo que é pernambucano, ui, ui, ui, ui
Sofreu ao chegar na Bahia, ai, ai, ai, ai
Um toque, um sotaque baiano, ui, ui, ui, ui
Pintou uma nova energia, ai, ai, ai, ai”
(Vassourinha Elétrica – Moraes Moreira)
A música do (Novo Baiano) Moraes Moreira conta de forma divertida a chegada do frevo pernambucano ao carnaval baiano lá pelos idos da década de 1940. O título faz referência ao grupo de frevo Vassourinhas que saiu do Recife para divulgar o frevo pelo Brasil. E Salvador amou o frevo!

Osmar e Dodô na década de 1950
Coube aos baianos Dodô e Osmar, músicos e estudiosos da eletrônica, dar uma “nova energia” ao frevo: ao acrescentar eletricidade e ao tocar em cima de um veículo – um Ford 1929 – que circulava pelas ruas de Salvador. E assim surgiu o trio elétrico em 1951. O terceiro membro era Temístocles Aragão. Os instrumentos eram violões eletrificados e o chamado “pau elétrico” – similar à guitarra elétrica estadunidense, porém com um timbre característico – inventado pelos bravos pioneiros. O “pau elétrico” evoluiria posteriormente para a peculiar “guitarra baiana”.

A “forbica” de Dodô e Osmar
Com o sucesso começaram a pipocar mais e maiores trios: grupos musicais maiores – não mais necessariamente com três elementos – em cima de caminhões.
Em sua permanente evolução o frevo baiano encontra o rock na virada da década de 1960 para a de 1970. Personagens como os Novos Baianos e Armandinho, filho de Osmar, injetaram uma linguagem roqueira no trio elétrico. Armandinho ajudaria a criar o grupo A Cor do Som, que fazia uma mistura de frevo, rock e reggae.

Novos Baianos na década de 1970
Em seu movimento antropofágico – que deixaria os modernistas orgulhosos – o trio elétrico seguiu digerindo influências diversas: synthpop, reggae, samba, pagode, forró e por aí vai. Claro que nem tudo que é produzido tem o mínimo de qualidade, mas o fenômeno, em si, é singular.
A década de 1980 assiste a uma confluência dos mais diversos influxos, que culminaria na chamada axé music. Numa volta às raízes africanas, o trio elétrico incorpora sons do candomblé e do ijexá, ritmo afro-baiano de blocos percussivos, os chamados afoxés de Salvador.

Armandinho e o Trio Elétrico de Dodô e Osmar na década de 1970
Para encerrar, mais um trecho de Vassourinha Elétrica de Moraes Moreira que sintetiza a eterna busca de novidade do carnaval baiano:
“É o frevo, é o trio, é o povo
É o povo, é o frevo, é o trio
Sempre junto fazendo o mais novo (bis)
Carnaval do Brasil”
MÚSICAS
Frevo Vassourinhas com Spok Frevo Orquestra:
Caetano Veloso – Atrás do Trio Elétrico:
Moraes Moreira – Vassourinha Elétrica:
A Cor do Som – Beleza Pura:
Novos Baianos – Tinindo Trincando:
Armandinho (com a guitarra baiana) – Rock de Caicó
mauro.pastinha@hotmail.com – E.MAILS=2018-057 – 26/Segunda = 11:15
DISCO NOTA 11 – ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO – HISTÓRIA e VÍDEOS – Via – Paulo Fernandes
Nosso competente estudioso da música, em suas mais diversificadas nuances, com
esta postagem nos convida a tirar a bunda da cadeira/cama e cair na folia. Tô nessa.
SE DEUS NOS PERMITIR, PAZ & BEM, A TODOS NÓS.
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