“Admirável Gado Novo”: Zé Ramalho joga Aldous Huxley no seu caldeirão sonoro

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ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

No romance “Admirável Mundo Novo”, lançado em 1932, o escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963) traça o perfil de uma sociedade que tinha absoluto controle sobre os seus cidadãos e onde a liberdade era sacrificada em nome de uma felicidade artificial. Uma distopia ambientada por volta do ano de 2500, na história é ano 600 da Era Fordiana, uma referência ao empresário da indústria automobilística Henry Ford (1863-1947), criador de um método de produção industrial, o “fordismo”, que reduzia os trabalhadores a meros autômatos.

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Aldous Huxley

Huxley questiona se vale a pena abandonarmos nossa liberdade, nosso livre-arbítrio e nosso espírito crítico em nome de uma “felicidade” manipulada e controlada. Quase noventa anos após sua publicação, parece que este dilema persiste em nosso mundo.

ADMIRÁVEL GADO NOVO

Em 1980, o paraibano Zé Ramalho pega o caminho deixado por Aldous Huxley e lança uma contundente crítica às massas que se deixam dominar e manipular pelos “podres poderes” e são conduzidas, muitas vezes, para o seu próprio abate.

A canção psicodélica de protesto Admirável Gado Novo é um dos melhores exemplos da mistura de rock, Beatles, cordel, Bob Dylan, ritmos nordestinos e letras delirantes que fez de Zé Ramalho um músico singular e inovador.

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Capa do álbum “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”, Zé Ramalho entre Xuxa Lopes e Zé do Caixão.

O seu refrão mistura Huxley com sertão:

Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!

Uma música que, passados 30 anos, está cada vez mais relevante e inquietante nesses dias de bizarro horror que vivemos nesta terra de Pindorama.

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VÍDEOS


Clipe original:


Vídeo com letras:


 

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Um comentário sobre ““Admirável Gado Novo”: Zé Ramalho joga Aldous Huxley no seu caldeirão sonoro

  1. Há dias em que a desesperança toma conta de nós, e se não fosse a arte, creio que sucumbiríamos rapidamente. Parabéns pelo texto e pelo “desabafo”, Paulo!

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