
A série O Vinil e a Cidade faz parte da disciplina Rockontro: Contextos musicais, Urbanos, Arquitetônicos e Culturais do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG ministrada pelo professor José Maurício de Sousa. Os alunos se propõem a fazer uma análise dos elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos presentes em uma capa de disco previamente escolhida.
Aluno: Ryan Augusto Guimarães
Physical Graffiti através das janelas da cultura
Physical Graffiti, 1975 – Led Zeppelin
Led Zeppelin, conceituada banda de rock, se consagrou muito pela qualidade sonora e pelos arranjos inovadores de suas canções. Eles criaram mais do que uma ‘escada que levava aos céus’, mas a sua própria atmosfera dentro de um universo de revoluções, uma imagem própria em um cenário onde as inovações estavam apenas surgindo. Sem muitas referências de postura, estilo e arte criaram a base para bandas futuras, e artistas no geral, com o lançamento de cada álbum além das poesias e notas soadas pela guitarra de Jimmy Page, um novo conceito era aguardado pelo público, e com certeza os símbolos visuais de maior impacto eram as capas que buscavam sintetizar todo o conjunto.

Após cinco álbuns, veio o aclamado Physical Graffiti, um trabalho que consegue, dentro de um mesmo estilo, ser eclético e trazer consigo referências do blues muito evidentes, como na canção “In my Time of Dying”. Há a constante presença de violões o que, em certa medida, busca resgatar os clássicos violonistas folk que tanto influenciaram a banda. O título mais emblemático nesse quesito com certeza é a canção “Bron-Yr-Aur”. “Kashmir” se tornou um dos maiores hinos da banda, pelo seu ar pesado, tenso e dramático. Com toda sua carga não poderia faltar mais uma vez uma capa emblemática.

Trabalho do fotógrafo e designer Peter Corriston, a capa externa é a foto de um prédio simétrico localizado em Nova York, as janelas foram recortadas e foram inseridas, na luva dos discos, as letras do título em janelas separadas. Nas capas internas do álbum aparecem, também em janelas separadas, personagens da cultura pop, inclusive os próprios integrantes da banda.
Essa representação artística do edifício traz em si uma forte conexão do álbum com a arquitetura. A construção está bem centralizada dentro das dimensões da capa deixando bem marcados os eixos de simetria que esse padrão de arquitetura norte-americana tinha e que remete a racionalidade. Essa racionalidade fica ainda mais reforçada pelo ritmo bem marcado em cada um dos quatro pavimentos. Pavimentos esses que também fazem parte da interferência do designer, visto que na realidade o conjunto contempla cinco pavimentos, o último então foi modificado justamente para que se encaixasse melhor na capa, e para que o nome da banda ficasse visível no topo do prédio.

A relação entre as janelas e as figuras populares pode ser entendida como a representação daquilo que era a visibilidade da sociedade naquele período, ou seja, não mais os elementos construtivos e escolhas de adornos compunham o cenário urbano. Além das clássicas estruturas de aço expostas, prédios Art Déco, e grandes torres com elementos neoclássicos, os Estados Unidos estavam mergulhados no consumismo, onde a propaganda ganhava cada vez mais força, desse modo figuras da mídia, personagens de filme e/ou artistas compunham o cenário urbano tal como as esquadrias e vidros compunham as janelas de um edifício.
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Ótimo, Ryan!!!
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